Dados do Trabalho
Título
Anestesia para tromboendarterectomia pulmonar – Ainda um desafio?
Descrição
Introdução: A hipertensão pulmonar crônica de origem tromboembólica (HPTEC) é
resultante da obstrução da artéria pulmonar por material tromboembólico fibrótico,
geralmente provocada por embolia pulmonar recorrente ou com resolução incompleta.
A endarterectomia pulmonar (EP) é o procedimento cirúrgico para HPTEC com potencial
curativo1. A EP envolve a remoção de tecido fibroso das artérias pulmonares durante
parada circulatória total sob hipotermia profunda (PCHP)1.
Relato de caso: J.A.M., sexo masculino, 53 anos, 73kg, histórico prévio de trombose de
membros inferiores e hipertensão pulmonar tromboembólica crônica. Sem diagnóstico
de coagulopatias. Submetido à tromboendarterectomia pulmonar, sob anestesia geral
venosa total, monitorizado com pressão arterial invasiva, cateter venoso central, cateter
de Swan Ganz, ecocardiografia transesofágica, índice PSI.
Necessidade de bypass cardiopulmonar (BCP) total por 240 minutos, com 2 períodos de
PCHP, com duração de 20 e 16 minutos, para a manutenção de campo cirúrgico
exsanguinado. Tempo anestésico cirúrgico de 09h15m, realizado autotransfusão de
concentrado de hemácias (568ml) ao fim do procedimento. Redução de PSAP de 45 para
33 mmHg, RVP 960 para 380 dynas.s.cm-1 determinado pelo catéter de artéria pulmonar.
Cursou com leve sangramento em arvore brônquica com necessidade de broncoscopia
em sala operatória com aspiração de coágulos
Encaminhado a UTI no pós operatório, em ventilação mecânica controlada, em uso de
fenilefrina e marcapasso atrial com FC estipulada em 100 BPM. Na UTI cursou com
broncopneumonia e necessidade de traqueostomia. Alta para enfermaria após 20 dias e
alta hospitalar após 30 dias da cirurgia.
Discussão: A EP é um procedimento cirúrgico de alta complexidade mesmo em centros
especializados. A indicação cirúrgica e cuidados do paciente deve ser guiados por equipe
multidisciplinar, dentre esses se destaca a participação do anestesiologista2.
A insuficiência ventricular direita concomitante a HPTEC estão associados a instabilidade
hemodinâmica na indução anestésica. BCP prolongado e hipotermia profunda podem
afetar as ações e o metabolismo das drogas anestésicas.
O manejo anestésico envolve: hemodiluição normovolêmica aguda, uso de
corticosteróides em altas doses (hipótese de estabilizadores de membrana do SNC
durante resfriamento profundo) e isoeletricidade cerebral.
Após o período pós-BCP, pode ocorrer hipertensão pulmonar residual, edema de
reperfusão, sangramento pulmonar, insuficiência ventricular direita além de sequelas
cardiovasculares e metabólicas da parada circulatória hipotérmica.
Ao final da cirurgia, objetiva-se: índice cardíaco otimizado em seu limite inferior; balanço
hídrico restritivo e vasculatura pulmonar preservada, com o propósito de reduzir as duas
principais complicações: edema de reperfusão e sangramento em via aérea2.
Referência 1
Banks DA, Pretorius GV, Kerr KM, Manecke GR. Pulmonary endarterectomy: Part II.
Operation, anesthetic management, and postoperative care. Semin Cardiothorac Vasc
Anesth. 2014;18:331–40.
Referência 2
Manecke GR Jr. Anesthesia for pulmonary endarterectomy. Semin Thorac
Cardiovasc Surg. 2006 Fall;18(3):236-42. doi: 10.1053/j.semtcvs.2006.09.005. PMID:
17185186.
Palavras Chave
anesthesia; endarterectomy
Área
Anestesia Cardiovascular e Torácica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DA BAHIA - Bahia - Brasil
Autores
JEDSON DOS SANTOS NASCIMENTO, JOAO VICTOR SANTOS PEREIRA RAMOS, MURILO PEREIRA FLORES, MALU SAMPAIO DE MATTOS, PABLO BRITTO DETONI, JOSE MARCIO BRUGNI CRUZ DE MATTOS