Dados do Trabalho


Título

Analgesia multimodal em transplante combinado pâncreas rim baseado em metadona

Descrição

Introdução
O transplante simultâneo pâncreas rim é uma terapia curativa em pacientes com DM 1 e doença renal terminal. Porém possui altas taxas de complicações, como a trombose de vasos pancreáticos, uma das causas mais comuns de falência do enxerto.
Assim é mandatória a anticoagulação no pósoperatório. Tal terapêutica impacta no manejo da analgesia, representando contraindicação a bloqueios neuroaxiais.
Assim, metadona como parte de um esquema de analgesia multimodal para estes pacientes parece uma alternativa viável e segura.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino, 48 anos, HAS, DM1 desde os 23 anos, DRC em HD desde 2022. Realiza HD três vezes na semana, anúrico. Medicações de uso contínuo: metoprolol 50mg, Lantus 12ui pela manhã e 28ui à noite, Diazepam 10mg.
Em centro cirúrgico, realizado monitorização padrão, indução com alfentanil 2000mcg, lidocaína 60mg, cetamina 50mg, propofol 150mg, metadona 20mg, rocuronio 100mg; IOT em sequência rápida . Anestesia geral mantida com sevoflurano 2% Acesso venoso profundo em VJIE e punção em arteria radial esquerda para monitorização invasiva (PAM).Imunossupressão com timoglobulina 125mg em 4h. Estabilidade hemodinâmica às custas de noradrenalina com dose máxima 0,1 mcg/kg/min em BIC.
Cirurgia realizada através de incisão xifo – pubiana, anastomose porto mesentérica, anastomose do duodeno do doador em alça jejunal do receptor, anastomose término – lateral, passagem de dois drenos de Blake (loja do enxerto renal e do enxerto pancreático)
Encaminhado ao CTI, acoplado a TOT VM, estável hemodinamicamente. Extubado após 10 h, por melhora da hipercalemia e acidose metabólica,e evoluiu com diurese espontânea.
A dieta foi iniciada no primeiro dia pós-operatório, com retorno também peristalse e flatos; primeira evacuação no segundo dia. Dor controlada EVN 0/10 em repouso, EVN 3/10 em movimento, controlada apenas com dipirona 2g 4/4h. Alta hospitalar no D12 PO.

Discussão
O uso de metadona foi associado a escores de dor pós-operatória mais baixos, assim como o consumo de opioides no perioperatório, como a morfina. Pode oferecer uma vantagem clínica sobre estas estratégias analgésicas tradicionais, por seu nível constante de efeito analgésico e meia-vida prolongada de 24 a 36 horas, mesmo após a administração de dose única.

Há evidências iniciais que sugerem que os benefícios da metadona intraoperatória podem se estender além do período pós-operatório imediato. Pacientes que receberam metadona relataram menor frequência de dor pós-cirúrgica crônica, menor necessidade de analgésico e menor interferência no sono e atividades diárias aos 3 meses.

A coadministração de cetamina e metadona resultou em uma redução de > 50% no consumo de opiáceos em comparação com a administração isolada de metadona, sugerindo um efeito sinérgico. O efeito supra-aditivo foi considerado secundário ao antagonismo parcial dos receptores NMDA.

Referência 1

Evan D. Kharasch,; J. David Clark, Methadone and ketamine: Boosting benefits and still more to learn

Referência 2

Erica Ai Li, 1 Kaveh Farrokhi, 1 Max Y. Zhang, 2 , 3 Heparin Thromboprophylaxis in Simultaneous Pancreas-Kidney Transplantation: A Systematic Review and Meta-Analysis of Observational Studies

Palavras Chave

Transplante pâncreas Rim; metadona; Analgesia Multimodal

Área

Sistemas Endócrino e Metabólico

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL ADVENTISTA SILVESTRE - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

HANNA YPIRANGA BENEVIDES , FELIPE ROBALINHO PEÇANHA PINHA RODRIGUES , JÉSSICA ALCÂNTARA DOS SANTOS , BRUNO BRUNO VILANOVA