Dados do Trabalho


Título

Insuficiência respiratória aguda e angioedema agudo grande provocado por reação anafilática tardia após contraste iodado em paciente idoso coronariopata.

Descrição

Introdução: A incidência de reações alérgicas graves a contraste iodado é de 0,01% porém pode ter manifestações agudas e potencialmente graves. O objetivo desse relato é mostrar um caso de reação aguda grave a contraste iodado em paciente idoso que havia sido submetido a angioplastia coronariana. Relato de caso: Paciente masculino 90 anos 70kg, 177cm, portador de hipertensão arterial, arritmia, dislipidemia, insônia e hipertrofia prostática. Fazia uso contínuo de losartan, atenolol, alprazolam e rosuvastatina. Foi realizado cateterismo cardíaco devido a quadro de doença arterial coronariana crônica com implante de stent farmacológico na artéria descendente anterior sob sedação leve. O procedimento teve duração de 30 minutos, sem intercorrências. Porém, na SRPA, 30 minutos após o procedimento, o paciente apresentou agitação psicomotora e dispneia. Minutos após o início da dispneia houve piora contínua, paciente conseguia ventilar apenas em ortopneia e mostrou-se ainda mais agitado. Foi notada a presença de estridor laríngeo, cianose central e evoluiu até a inconsciência. O paciente estava na sala de recuperação, monitorizado e com fonte de oxigênio suplementar mas o quadro piorou ainda mais e, por isso, foi necessário realizar intubação traqueal com bastante dificuldade, na terceira tentativa e em situação de emergência com grande edema da cavidade oral, região perilaríngea e cervical. Foi utilizado US point of care da região cervical onde foi possível observar o grande acúmulo de líquido na região cervical lateral e anterior do pescoço o que, provavelmente, comprimiu a via aérea superior. Em seguida, o paciente foi sedado com midazolam e fentanil, foi puncionado acesso venoso central por via femoral, iniciada noradrenalina 0,17mcg/kg/minuto e encaminhado para UTI. Na UTI, a noradrenalina foi substituída por adrenalina 0,03mcg/kg/mine mantido intubado e sedado. No dia seguinte, houve grande redução do edema cervical e da laringe, que foi avaliado com laringoscopia direta, boa estabilidade hemodinâmica apesar de episódios agudos de fibrilação atrial paroxística controlados com amiodarona. No segundo dia, o paciente mantinha-se estável, com regressão do edema, sem uso fármacos vasoativos. Paciente foi extubado, após avaliação neurológica mantendo padrão respiratório regular, consciente sem alterações respiratórias. Paciente recebeu alta hospitalar em boas condições no terceiro dia. Discussão: Nesse caso, um dos diagnósticos diferenciais foi o de edema agudo pulmonar ou choque cardiogênico de origem isquêmica. Essas hipóteses foram descartadas por conta da evolução clínica e laboratorial. O edema cervical, da cavidade oral e da laringe melhorou bastante nos dias subsequentes e não recrudesceram. Paciente poderia ter tido outras complicações ou desfechos devido ao quadro clínico como isquemia miocárdica, delirium e até óbito se não tivesse sido prontamente atendido. Isso mostra o valor do atendimento rápido e preciso da equipe multidisciplinar.

Referência 1

Beryland Y, Fraga JÁ, Succi A et al Impact f iodinated contrast allergies on emergency department operations, Am J Em Med, 2022

Referência 2

Topaz G, BMedSc AK, Kassen N et al, Iodinated contrast media allergy in patients hospitalized for investigation of chest pain, 2018:2059-2064

Palavras Chave

alergia; insuficiencia respiratória; angioedema

Área

Medicina Perioperatória

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

RESIDÊNCIA - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DE SÃO PAULO - PUC - São Paulo - Brasil

Autores

RAFAEL MILLANI, LUIS HENRIQUE CANGIANI, AMANDA CRISTINA NALDONI, LAURA LOPES NASCIMENTO, GUILHERME XAVIER LIMA LUTTI, MATHEUS RIDRIGUES VIEIRA