Dados do Trabalho
Título
Profilaxia de náuseas e vômitos pós-operatórios: este cuidado importa – um estudo observacional
Descrição
Justificativa e objetivos: A ocorrência de náuseas e vômitos pós-operatórios (NVPO)
tem uma incidência global de 20-30%1 e relaciona-se a baixa satisfação dos pacientes e
piores desfechos cirúrgicos.2 Recentemente implementamos em um hospital público
terciário a estratificação de risco para NVPO diretamente na ficha anestésica visando
melhora da profilaxia. O objetivo principal deste estudo foi avaliar a incidência de NVPO
em 24h. Os objetivos secundários foram comparar a incidência atual, após
implementação de estratificação, com a incidência prévia; avaliar combinações de
medicações antieméticas; quantificar NVPO segundo o escore de Apfel; estimar a
intensidade de náusea e avaliar quanto os participantes pagariam por uma medicação
fictícia que evitasse qualquer NVPO.
Métodos: Estudo observacional transversal aprovado pelo CEP. Dados coletados
durante quatro semanas consecutivas, iniciando em 03/07/2024. Foram incluídos
pacientes ≥ 18 anos submetidos a cirurgias eletivas, ASA 1, 2 e 3. Excluímos cirurgias
canceladas e com desfecho negativo que impedisse a resposta ao questionário.
Pesquisadores com certificação de Good Clinical Practice (GCP) obtiveram
consentimento dos pacientes e coletaram dados via ficha anestésica, prontuário físico e
entrevistas à beira-leito. Os dados foram armazenados na plataforma digital RedCap®.
A análise foi realizada no R Studio com dados desidentificados.
Resultados: Observou-se que 11 dos 62 participantes (18%) apresentaram NVPO em
até 24 horas do pós-operatório, sendo 27% dentre os 26 participantes de alto risco e
11% entre os 36 de baixo risco. A incidência de NVPO no estudo atual (18%), após a
implementação de estratificação na ficha anestésica, não diferiu dos 15% observados
em um estudo prévio no mesmo hospital (n=84), p = 0,59. Não houve diferença
significativa na ocorrência de NVPO entre as combinações de antieméticos utilizadas,
sendo a mais frequente a combinação de dexametasona com ondansetrona (71%),
seguida de ondansetrona isoladamente em 14,5% dos casos e 6,5% sem qualquer
profilaxia. Não houve diferença significativa na ocorrência de NVPO segundo fatores de
risco da escala de Apfel igual 0, 1, 2, 3 e 4, correspondendo a 0 casos, 2 casos, 2
casos, 6 casos e 1 caso, respectivamente, p = 0,08. A Escala de Intensidade de NVPO
tem intensidade máxima de 50 pontos e na nossa amostra a intensidade mediana foi de
3 pontos (variando de 0 a 16 pontos). A mediana de valor que os pacientes estariam
dispostos a pagar por um medicamento fictício capaz de garantir ausência de NVPO foi
de R$ 40 (0-1000) entre aqueles que apresentaram NVPO e R$ 50 (0-200) para os que
não apresentaram NVPO (p = 0.99).
Conclusão: O estudo demonstrou que a incidência de NVPO na instituição
aproxima-se da margem inferior da ocorrência global. A inclusão da estratificação na
ficha anestésica não interferiu na incidência de NVPO, um tema relevante para os
pacientes, como demonstrado pela disposição deles a pagar por um antiemético 100%
eficaz.
Referência 1
Amirshahi M, Behnamfar N, Badakhsh M et al. Prevalence of postoperative nausea and vomiting: A systematic review and meta-analysis. Saudi J Anaesth. 2020;14:48-56.
Referência 2
Apfel CC, Kranke P, Katz MH et al. Volatile anesthetics may be the main cause of early but not delayed postoperative vomiting: a randomized controlled trial of factorial design. Br J Anaesth. 2002;88:659-68.
Palavras Chave
náuseas e vômitos; Pós-operatório; profilaxia
Área
Medicina Perioperatória
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET INTEGRADO DA FAC.DE MEDICINA DO ABC - São Paulo - Brasil
Autores
JULIA HABIB SARMENTO FAFA, LUCAS SILVA SANTOS, THAIENY EMANUELLE OLIVEIRA LEMES, NATANAEL PIETROSKI DOS SANTOS, ANGELA MARIA SOUSA