Dados do Trabalho
Título
Manejo perioperatório de acretismo placentário: Relato de caso
Descrição
Introdução
O acretismo placentário (AP) é uma condição caracterizada por implantação anormal da placenta durante a gestação. Possui um amplo espectro de manifestações de acordo com o grau de invasão uterina e estruturas adjacentes. Define-se placenta acreta quando as vilosidades aderem superficialmente o endométrio sem interpor a decídua. Já a percreta compreende uma invasão do miométrio até a serosa. Por fim, a placenta increta é caracterizada por invasão de órgãos adjacentes além do útero. Essa condição representa um grande desafio no período perioperatório e implica grande morbidade e mortalidade materna.
Relato de Caso
Paciente de 33 anos, 80 kg, gestante com IG 36 semanas e 4 dias, diabetes mellitus gestacional e duas cesarianas prévias, USG de terceiro trimestre com sinais de acretismo placentário e invasão de serosa vesical. Admitida em sala de hemodinâmica do centro cirúrgico para realização de implante de cateter ureteral duplo J bilateral + balonamento de ilíacas internas bilateral + parto cesariano. Após monitorização multiparamétrica, incluindo PA invasiva em primeiro momento, foi realizada anestesia subaracnóidea com 7,5 mg de bupivacaína hiperbárica e 60mcg de morfina para implante de cateteres ureterais e balonamento, realizado sem intercorrências. Em seguida, devido ao risco de hemorragia maciça, foram obtidos acessos venosos central (veia jugular interna direita) e periférico calibroso. Anestesia geral induzida com remifentanil, propofol e suxametônio e mantida com sevoflurano a 2%. Após extração fetal, apesar de balonamento vascular, paciente evoluiu com sangramento profuso em campo operatório associado a sinais de choque hipovolêmico. Submetida a histerectomia puerperal de emergência e iniciado prontamente reposição de hemocomponentes com transfusão de 3 concentrados de hemácias, 3 unidades de plasma fresco congelado e 3 unidades de plaquetas. Após tais medidas, a mesma retomou estabilidade hemodinâmica, com condições de extubação em sala cirúrgica ao fim de duas horas de procedimento e foi encaminhada à UTI para pós-operatório. Recebeu alta hospitalar após 5 dias em bom estado geral junto com recém nascido.
Discussão
A paciente em questão apresentava uma placenta increta dado invasão de bexiga urinária. O manejo desta condição exige uma abordagem multidisciplinar cujos princípios envolvem o reconhecimento da patologia e cuidado obstétrico e anestésico perinatal adequado. Além disso, é recomendável disponibilidade prévia a hemocomponentes e suporte pós-operatório em terapia intensiva neonatal e adulto. Técnicas de radiologia intervencionista como balonamento de artérias ilíacas são de grande auxílio para conter hemorragia. O cuidado anestésico demanda o reconhecer e tratar prontamente coagulopatias, bem como estabelecer analgesia adequada no pós operatório. No caso em questão foi optado por uma técnica neuroaxial com conversão oportuna para anestesia geral visando o bem estar do binômio materno fetal.
Referência 1
TOOZE, Jack. Anaesthesia for Patients With Abnormal Placentation. Anaesthesia Tutorial Of The Week. 2023. Disponível em: https://resources.wfsahq.org/atotw/anaesthesia-for-patients-with-abnormal-placentation/
Palavras Chave
acretismo placentário; anestesia obstétrica;
Área
Anestesia Obstétrica
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
CET DISC.ANEST.FMUF UBERLÂNDIA - Minas Gerais - Brasil
Autores
LINCOLN LUIZ CORREA MOTA, AMANDA GOMES BARROS, BEATRIZ LEMOS DA SILVA MANDIM, JULIO CESAR LUZ SANTOS, LAURA FELIX MEYER