Dados do Trabalho
Título
MANEJO DE VIA AÉREA EM PACIENTE COM TRAUMA DE FACE POR ARMA DE FOGO EM HOSPITAL DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NO INTERIOR DO AMAZONAS: UM RELATO DE CASO
Descrição
INTRODUÇÃO
Traumas faciais causados por projéteis de armas de fogo geralmente resultam em ferimentos severos, especialmente na região mandibular, devido à sua proeminência. O manejo das vias aéreas em pacientes que sofreram trauma direto em região facial é um dos desafios mais complexos, pois podem levar à obstrução das vias aéreas, seja de forma imediata ou tardia, levando a insuficiência respiratória e óbito. Áreas remotas geralmente não dispõem de materiais necessários para lidar com tais situações, o que se torna um desafio no manejo da via aérea do paciente pelo anestesiologista. O relato de caso a seguir evidencia a escassez de recursos e a importância de profissionais capacitados para lidar com os diversos cenários encontrados.
RELATO DE CASO
Paciente, 48 anos, sexo masculino, 90kg, admitido em pronto socorro de urgência e emergência após tentativa de suicídio com arma de fogo em região orofacial, com laceração extensa e sangramento ativo em vias aéreas, limitação de abertura bucal, sinais de choque hipovolêmico grau 2, escala de coma de glasgow 12. Sem comorbidades ou alergias. Realizada pré oxigenação e indução venosa com fentanil 250mcg, lidocaína 100mg, cetamina 120mg e succinilcolina 100mg. Fibroscopia e videolaringoscopia indisponíveis. Laringoscopia direta foi escolhida como método para IOT. Na visualização apresentava edema importante de via aérea, Cormack-Lehane IIb, múltiplas aspirações de conteúdo sanguinolento e intubação bem-sucedida com auxílio de bougie e passagem de tubo 7.5. Ventilação adequada, mas com Impossibilidade de fixação de tubo devido laceração de face. Optou-se por traqueostomia de urgência para realização de abordagem cirúrgica. Manutenção anestésica com 60mg de rocurônio+Sevoflurano. Acoplado à ventilação mecânica, modo ventilatório VCV: VT 500ml, PEEP5, FR 16irpm. Acesso venoso central em veia jugular direita + acesso venoso periférico em membro superior direito com jelco 16. Reposição volêmica de 2500ml de cristaloide e paciente mantido em TQT ao término de procedimento e levado para sala de emergência para transferência para unidade de maior complexidade.
DISCUSSÃO
Pacientes com ferimentos em região facial com volumosas hemorragias e alteração da anatomia são situações desafiadoras para os anestesiologistas em situações de emergências. Lesões por projétil de arma de fogo nessa topografia necessitam de intervenção rápida e eficaz para garantir as vias aéreas. Mas em municípios do interior do estado do Amazonas, onde o acesso é dificultoso, é notória a precariedade de materiais adequados em muitos hospitais. Dada a alta frequência de complicações nas vias aéreas em casos de trauma orofacial, é crucial a presença de um anestesiologista experiente para conseguir acesso rápido e eficaz às vias aéreas do paciente, estando preparado para atuar em situações de escassez de materiais e apto para optar por técnicas mais invasivas no manejo da via aérea.
Referência 1
Apfelbaum JL, Hagberg CA, Connis RT et al. 2022 American Society of Anesthesiologists Practice Guidelines for Management of the Difficult Airway. Anesthesiology. 2022;136(1):31-81.
Referência 2
Silva da Rocha AD, Gilson De Oliveira Rangel LF, Neves Barbosa CC et al. 2022 Traumas faciais por projéteis de arma de fogo. Revisão de literatura. Brazilian journal of surgery & clinical research. 2022;40(2).
Palavras Chave
Via aérea difícil; Trauma facial; projétil de arma de fogo
Área
Tratamento de Trauma/Queimaduras
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
RESIDÊNCIA - FUNDAÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - Amazonas - Brasil
Autores
VITORIA MARIA BERNARDO DE ANDRADE, ALINE GARCIA FARIAS, WAGNER DE PAULA ROGERIO, EVILYN MAYARA DE ANDRADE OLIVEIRA FEITOZAS, ANA JESSICA FERREIRA LIMA DE CASTILHO, JUAN CARLOS MELGAREJO ARZUZA