Dados do Trabalho
Título
ENFISEMA SUBCUTÂNEO EM CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA
Descrição
Introdução: A cirurgia videolaparoscópica tem sido cada vez mais utilizada. E comparada a cirurgia convencional apresenta vantagens de menores incisões, menos dor, menor incidência de ileo paralitico, e consequentemente alta hospitalar precoce. No entanto, para que seja realizada, é necessário que haja a insuflação de gás carbônico dentro da cavidade peritoneal que provocará assim, sua distensão, separando as paredes dos órgãos internos e estes entre si, resultando em melhor visualização das estruturas pelo cirurgião. No entanto, a técnica não está isenta de complicações.
Relato de caso: MAMT, 79 anos, 64kg, sem alergias, com história prévia de abdominoplastia, foi admitida na sala de cirurgia para realização de apendicectomia e colecistectomia por videolaparoscopia. A paciente foi monitorizada, colocado acesso venoso periférico e submetida a anestesia geral endovenosa. Foram administrados 2 mg de midazolam, 100 mcg de fentanil, propofol em infusão alvo-controlada, e 50 mg de rocurônio. Mantivemos a anestesia com propofol e remifentanil em infusão alvo-controlada, de acordo com o BIS. Os parâmetros ventilatórios utilizados foram: volume corrente de 6 ml/kg de peso predito com FR de 14, PEEP de 5, e relação I:E de 1:2. Durante o procedimento houve aumento da PetCO2 para 60 mmHg com tentativas de ajustes na ventilação e diminuição da pressão intra-abdominal, porém sem melhora. Houve então o aumento abrupto da PetCO2 para 90 mmHg e desenvolvimento de enfisema subcutâneo predominantemente na região de face, pescoço, tórax, e menos intenso em região de pernas e pés. Na gasometria, constava acidose respiratória com pH de 7,22 e paC02 de 60mmHg. Pesquisamos então a presença de pneumotórax com uso da ausculta e da ultrassonografia pulmonar à beira-leito, na qual esta possibilidade foi descartada. Ao término do procedimento, a paciente foi encaminhada para o CTI em ventilação mecânica, com parâmetros ventilatórios ajustados para correção de acidose respiratória com volume corrente de 7ml/kg de peso predito e FR de 20 irpm. No primeiro dia de pós operatório, a paciente se encontrava no CTI extubada, com melhora do quadro respiratório e o enfisema subcutâneo estava em resolução.
Discussão: As complicações de uma cirurgia videolaparoscópica podem ser classificadas em menores, quando os problemas podem ser resolvidos, ou maiores, quando o grau de injúria pode levar a uma laparotomia, ou ocasionar morte. O enfisema subcutâneo não é considerado complicação grave. No entanto, pela insuflação acidental extraperitoneal pode ser precursor de pneumotórax. Portanto como foi realizado no caso supracitado, é importante realizar a pesquisa de pneumotórax sempre que houver aumento súbito da PetCO2, com o intuito de diagnóstico e tratamento precoce desta complicação, protegendo o paciente de desfechos desfavoráveis.
Referência 1
Oliveira CRD. Anestesia para Cirurgia Videolaparoscópica. Rev bras videocir 2005;3(1):32-4
Referência 2
Shanta TR, Harden J. Laparoscopy cholecystectomy: Anesthesia-related complications and guidelines. Surgical Laparoscopy & Endoscopy, 1991;1:173-178.
Palavras Chave
enfisema subcutâneo
Área
Sistemas Gastrointestinais e Hepáticos
Fonte de financiamento
Público
Instituições
CET MARIO FASCIO - Pará - Brasil
Autores
BRUNO SALGADO CORDEIRO CAMARÃO, MARIANA FREITAS DA SILVA, CÉSAR AUGUSTO MARTINS PONTE AIRES, MARIA IRIS EUFRASIO DE ALCANTARA, GRAZIELLY BIANCA SALES CAVALCANTE, EGLANTINE MAMEDE BEZERRA