Dados do Trabalho


Título

HERNIA DIAFRAGMATICA CONGENITA DIAGNOSTICADA PÓS-PARTO: relato de caso do manejo anestésico

Descrição

Introdução: A Hérnia Diafragmática Congênita (HDC) constitui 8% das principais anomalias congênitas no mundo, é definida pela malformação do diafragma com agenesia total ou parcial do músculo. Na HDC esquerda, a herniação do estômago e do intestino está frequentemente envolvida. A incidência mundial de HDC varia de 1 a 2 em cada 4.000 nascidos vivos com mortalidade de 30%, dados que podem estar subestimados, tendo em vista o alto nível de erros e não realizações de diagnóstico pré-natal. O dano pulmonar na HDC inicia-se intraútero. O comprometimento do crescimento pulmonar e as alterações anatômicas das arteríolas pulmonares caracterizam os dois principais marcos da doença: a hipoplasia e a hipertensão arterial pulmonares, o que aumenta a mortalidade e complica o ato anestésico de maneira importante. Relato de caso: GSB, 4 dias de vida, RNT, 3350g portador de hérnia diafragmática à esquerda descoberta pós-nascimento em maternidade pública e encaminhada para Hospital Universitário Materno Infantil de referência. Pré-natal de risco habitual. Parto vaginal, APGAr 7/9, não reanimado, evoluindo com gemência e colocado CPAP nasal. Evolui gravíssimo em UTI, “gasping”, sob VM. Exame físico: MV +, mais audível à direita, com escape ventilatório, em ritmo regular em 2 tempos, BNF sem sopros, com ausculta desviada para direita. Durante internação, PCR por tamponamento cardíaco com derrame pericárdico volumoso. Proveniente de UTI para procedimento em MEG para correção de hérnia e melhora clínica; cateter umbilical em uso de milrinone 0,5 ug/kg/min, noradrenalina 0,4 ug/kg/min e adrenalina 0,1 ug/kg/min. Em uso de fentanil, precedex e cetamina. Oligúrico. Acoplado ao aparelho de anestesia, cessado sedação prévia e iniciada manutenção anestésica com sevoflurano e mantido DVAs, administrado bólus de Rocurônio 1mg e fentanil 2mcg. Acoplado a Ventilação Mecânica em modo Pressão Controlado: Pinsp 30 mmHg, FR 40 irpm, Peep 4, I:E 1:3,5. Mantida estabilidade hemodinâmica com DVAs. CVC em VJID ecoguiado. Após tração de alças e posicionamento de tela em sítio diafragmático, realizado recrutamento alveolar. Sangramento importante tratado com infusão de cristaloide 50ml, transfusão de hemácias 30ml e cloreto de cálcio 15mg. Evolui anúrico e piora do choque cardiogênico; Equipe e família decidiram limitar medidas invasivas - após 5 dias evolução em óbito. Discussão: A anestesia em neonatologia apresenta desafios com particularidades em monitorização, manejo da via aérea, manejo hídrico, controle de temperatura e glicemia. A HDC manifesta-se com hipoplasia pulmonar associada a hipertensão pulmonar e instabilidade hemodinâmica iniciada por falência de VD. O diagnóstico precoce e a oclusão traqueal endoscópica intrauterina são estratégias para prevenir a hipoplasia pulmonar que poderia ter sido empregada para diminuir consideravelmente a mortalidade deste caso, contudo é inacessível para grande parte da população.

Referência 1

SILVA, Luciana Rodrigues et al. Tratado de pediatria - Sociedade Brasileira de Pediatria. Barueri, SP: Manole 2022

Referência 2

RAMOS, José Roberto de Moraes et al. Diretriz clínica brasileira de linha de cuidado para malformações cirúrgicas: hérnia diafragmática congênita. Rio de Janeiro: Fiocruz/IFF, 2023. 49 p. Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde – (PMA/VPPCB/ Fiocruz).

Palavras Chave

Hérnias Diafragmáticas Congênitas; Anestesia pediátrica

Área

Anestesia Pediátrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET INTEGRADO DA FAC.DE MEDICINA DO ABC - São Paulo - Brasil

Autores

GUSTAVO RIBEIRO FERES MORAES REGO, ESTHER ALESSANDRA ROCHA, DANIEL VITOR DOS SANTOS RODRIGUES, RACHEL PEREIRA FERREIRA, LUANA ARAÚJO BORGES DE MOURA