Dados do Trabalho

Título

DIMENIDRINATO VERSUS ONDASETRONA PARA PROFILAXIA DE NÁUSEAS E VÔMITOS PÓS-OPERATÓRIO EM PACIENTES SUBMETIDOS À COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CONTROLADO

Descrição

INTRODUÇÃO: A ocorrência de náuseas e vômitos é uma das principais complicações pós-operatórias relacionadas à anestesia, perfazendo 45 a 75% das cirurgias de colecistectomias videolaparoscópicas. Relaciona-se a maior tempo de permanência hospitalar, readmissão hospitalar não esperada e aumento do tempo na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA), impactando negativamente a experiência do paciente.
OBJETIVO: comparar a eficácia entre ondansetrona e dimenidrato em reduzir a ocorrência de náuseas e vômitos em pacientes submetidos à cirurgia de colecistectomia videolaparoscópica.
MÉTODOS: Conduziu-se estudo tipo ensaio clínico randomizado controlado, aberto e unicêntrico, com aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para todos os pacientes. Incluíram-se 34 pacientes > 18 anos, ASA I e II, submetidos à colecistectomia videolaparoscópica, divididos em 2 grupos: grupo O - administrada ondansetrona 8 mg (n=17); e grupo D - dimenidrinato 30 mg (n=17) intravenoso (IV), ao final do procedimento. Excluíram-se pacientes com alergia a fármacos do estudo, IMC>30, dependência de opióides, porfiria, arritmias, gestantes, lactantes, doença do refluxo gastroesofágico, doença neuromuscular, doença mental grave, obstrução gastrointestinal, neostigmina em doses maiores que 0,04mg/kg, e pacientes Apfel 4. Indução anestésica: fentanil 3 mcg/kg, lidocaina 1 mg/kg, propofol 2 mg/kg e cisatracúrio 0,15 mg/kg IV, e manutenção: sevoflurano e remifentanil IV (0,05 a 1 mcg/kg/min). Ao fim da cirurgia, ondasetrona ou dimenidrato foram administradas, diluídas em SF 0,9% 100 mL. Desfecho primário: ocorrência de náuseas e vômitos após 1 hora, entre 1 e 2 horas, entre 2 e 3 horas e entre 3 e 6 horas do procedimento. Também avaliaram-se o tempo de permanência na SRPA e o uso de antiemético de resgate (dexametasona 10 mg). Para análise estatística, utilizou-se teste exato de Fisher (variáveis qualitativas) e teste t de Student (variáveis quantitativas), considerando p < 0,05 como significativo.
RESULTADOS: Dos 34 pacientes, 18 (52,9%) tinham entre 36 a 50 anos e 67,7% eram do sexo feminino. Os grupos foram similares quanto à idade, sexo, IMC, e estado físico ASA. Não houve diferença entre a incidência de náuseas ou vômitos no grupo O (35,2%) em relação ao grupo D, de 58,8% (p=0,827). O uso de antieméticos de resgate foi similar entre os grupos: grupo O com 23,5% e grupo D com 41,1% (p=1,00). Entretanto, houve redução no tempo na SRPA com a ondansetrona (73,7 min) em relação ao dimenidrinato (84,1 min) – p < 0,001.
CONCLUSÃO: A ondasetrona, em relação ao dimenidrato, relacionou-se a um menor tempo na SRPA. Entretanto, não houve superioridade para evitar náuseas ou vômitos e diminuir o uso antiemeticos de resgate da ondasetrona em relação ao dimenidrinato, mostrando que ambas as medicações tiveram eficácia adequada. Esses achados são relevantes para alta precoce da SRPA com uso de ondasetrona, principalmente em pacientes ambulatoriais.

Referência 1

SRIDHARAN, K.; SIVARAMAKRISHNAN, G. Drugs for preventing postoperative nausea and vomiting in patients undergoing laparoscopic cholecystectomy: Network meta-analysis of randomized clinical trials and trial sequential analysis. International Journal of Surgery, v. 69, p. 1-12, 2019.

Referência 2

WEIBEL, S. et al. Drugs for preventing postoperative nausea and vomiting in adults after general anaesthesia: a network meta-analysis. Cochrane Database Syst Rev, v. 10, n. 10, 2020.

Palavras Chave

náuseas e vômitos pós-operatórios; Colecistectomia videolaparoscópica; cirurgia ambulatorial