Dados do Trabalho

Título

Manejo da Agitação Pós-ECT com Dexmedetomidina em Paciente Jovem: Um Relato de Caso

Descrição

Introdução
A Terapia Eletroconvulsiva (ECT) é uma terapia bem estabelecida e eficaz para depressão maior após a falha de tratamentos medicamentosos convencionais. No entanto, está associada a efeitos adversos significativos, como agitação pós-ictal. Alguns medicamentos, como benzodiazepínicos, estão sendo estudados para melhorar o controle dos padrões hemodinâmicos dos pacientes e reduzir a agitação pós-tratamento.
Relato de Caso
Apresentamos o caso de um paciente masculino de 32 anos em tratamento para depressão maior com ECT após falha de terapia medicamentosa convencional. O paciente passou por 5 sessões de ECT usando propofol em doses de 120-150 mg e succinilcolina 50 mg cada vez. A partir da terceira sessão, começou a apresentar agitação significativa pós-tratamento, necessitando de contenção na sala de recuperação e administração de 2 mg de midazolam. Essa agitação se repetiu durante a quarta e quinta sessões, cada vez com aumento na administração de midazolam na sala de recuperação. No entanto, isso não foi muito eficaz na redução da agitação. Portanto, para a sexta sessão, foi administrado 30 mcg (aproximadamente 0,5 mcg/kg) de dexmedetomidina antes do ECT, juntamente com 150 mg de propofol e 50 mg de succinilcolina. O procedimento foi realizado sem comprometer a duração da convulsão e, em comparação com as sessões anteriores, o paciente mostrou menos flutuações na pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica e frequência cardíaca durante o procedimento. Além disso, o paciente estava calmo, tranquilo e orientado na sala de recuperação, com um tempo adicional curto para recuperação, sendo liberado para casa após 15 minutos com uma pontuação de Aldrete de 10. A sétima sessão, realizada novamente sem dexmedetomidina, necessitou novamente de midazolam na recuperação.
Discussão
Pattika S tem avaliado o uso de dexmedetomidina para melhorar os padrões hiperdinâmicos induzidos pela ECT, bem como a duração da assistolia pós-ictal, a agitação pós-tratamento e o tempo de recuperação. Seus resultados com dexmedetomidina pré-tratamento têm sido altamente promissores, mostrando capacidade significativa de atenuar a resposta hiperdinâmica (pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica e frequência cardíaca) sem afetar o tempo de recuperação, além de ser altamente eficaz no controle da agitação. A agitação pode ser devido à neuroinflamação após a liberação de citocinas induzida pela corrente elétrica. A dexmedetomidina possui efeitos anti-simpáticos e pode também reduzir os fatores inflamatórios, explicando a ausência de agitação.
Conclusão
Um paciente com agitação repetitiva pós-ECT necessitando de midazolam não apresentou agitação quando 30 mcg de dexmedetomidina foram administrados antes do ECT.

Referência 1

Zielinski RJ, Roose SP, Devanand D, Woodring S, Sackeim HA. Cardiovascular complications of ECT in depressed patients with cardiac disease. Am J Psychiatry. 1993;150:904–9.

Referência 2

Fitzgerald PB, Hoy KE, Elliot D, et al. A pilot study of the comparative efficacy of 100 Hz magnetic seizure therapy and electroconvulsive therapy in persis- tent depression. Depress Anxiety 2018; 35:393 – 401.

Palavras Chave

Agitação no despertar; dexmedetomidina