Dados do Trabalho


Título

Anestesia Venosa Total para Timectomia em paciente com Miastenia Gravis: Relato de Caso

Descrição

INTRODUÇÃO: A anestesia em pacientes com doenças da placa motora confere desafios ao anestesiologista. A Miastenia Gravis é uma doença que envolve a produção de anticorpos contra os receptores nicotínicos da placa motora, com redução da densidade destes e, consequentemente, menos sítios ligantes para a acetilcolina e outras medicações que interagem com a junção neuromuscular. Relatamos um caso de paciente com Miastenia Gravis submetida a timectomia, no qual foram utilizadas técnicas para segurança e conforto da paciente.
RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 24 anos, 55Kg, 1,60m, portadora de miastenia gravis, a ser submetida a timectomia. Em uso de piridostigmina e azatioprina. Optado pela anestesia geral venosa total com propofol e remifentanil em infusão contínua, associada à analgesia peridural em T6, com instalação de cateter. Monitorização do bloqueio neuromuscular foi realizada desde a indução anestésica com sequência de quatro estímulos (train of four – TOF). Na indução, foi utilizado 15mg de rocurônio (1 DE95 pelo peso da paciente), sendo realizada a intubação orotraqueal com tubo seletivo bronquial esquerdo 35F com TOF zerado. Posteriormente realizada monitorização de pressão arterial invasiva com jelco 20G em artéria radial esquerda. O procedimento transcorreu sem intercorrências, com manutenção de bom controle álgico e hemodinâmico, sem escapes de plano anestésico, e bloqueio neuromuscular profundo. Ao final da cirurgia, realizada reversão de bloqueio neuromuscular titulada, sendo necessários 400mg de sugamadex para reversão completa guiada pelo TOF. Encaminhada ao CTI estável hemodinamicamente, com bom padrão respiratório, eupneica com O2 em CN 2l/min, e infusão continua de ropivacaína 0,2% 5ml/h no cateter peridural, sem dor. Não houve intercorrências no pós-operatório imediato.
DISCUSSÃO: O manejo anestésico de pacientes com doenças da placa motora submetidos a anestesia geral, com uso de bloqueadores neuromusculares, demanda atenção e cuidados específicos em relação a esses fármacos, incluindo a monitorização e redução das doses de bloqueadores adespolarizantes. A utilização de fármacos com meia vida contexto-sensitiva curta é desejável para despertar mais previsível e extubação precoce. Também é necessário avaliar o risco de necessidade de ventilação mecânica no pós-operatório imediato, sendo este maior em pacientes com uso de altas doses de anticolinesterásicos, com baixa capacidade vital e maior tempo de diagnóstico. A analgesia nas cirurgias torácicas também é fundamental, garantindo uma preservação da expansibilidade pulmonar e prevenção de complicações respiratórias.

Referência 1

Daum P, Smelt J, Ibrahim I. Perioperative management of myasthenia gravis. BJA Education 2021, 21(11): 414-419.

Referência 2

McSwain JR, Doty JW, Wilson SH. Regional anesthesia in patients with pre-existing neurologic disease. Curr Opin Anesthesiol 2014, 27:538–543

Palavras Chave

Timectomia; Miastenia gravis; Cirurgia Torácica

Área

Anestesia Cardiovascular e Torácica

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET S.A.HOSP.CLIN.FAC.MED.UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

CAIO CÉSAR LEVATE AMARAL, RODRIGO TAVARES DE LANNA ROCHA , JULIANA LACERDA DE OLIVEIRA CAMPOS, GABRIEL HENRIQUE REIS, LUCAS RODRIGUES MOTTA, MARCELLO DE ALBUQUERQUE FRANÇA