Dados do Trabalho


Título

Raquianestesia para cesárea em paciente com acondroplasia - Relato de caso

Descrição

INTRODUÇÃO: A acondroplasia é um distúrbio do crescimento ósseo que gera diversos desafios ao anestesista, seja para anestesia geral ou para bloqueio de neuroeixo (BNE). Dentre eles, deformidades faciais, como macroglossia e micrognatia e alterações de vias aéreas, como pescoço curto e instabilidade cervical desencorajam a anestesia geral. Por outro lado, hiperlordose e escoliose grave dificultam o acesso ao neuroeixo. RELATO DE CASO: paciente feminina, 26 anos, 121 cm, 49 Kg, G1P0A0, portadora de acondroplasia, sem outras comorbidades, admitida para cesariana eletiva de gestação a termo. Optado pela realização de raquianestesia, e deixado material de via aérea e drogas necessárias à indução de anestesia geral em sequência rápida preparados em sala em caso de falha técnica. Paciente monitorizada com cardioscópio, pressão arterial não invasiva e oxímetro. Puncionado acesso venoso periférico 18G em membro superior direito. Ofertado oxigênio em cateter nasal a 2L/min. Anestesia realizada com 7,5 mg de bupivacaína hiperbárica, 40 mcg de morfina e 15 mcg de fentanil. Punção mediana, a nível de L4-L5, sem intercorrências. Após posicionamento em decúbito dorsal horizontal foi testado o nível de bloqueio sensitivo. Transcorridos 2 minutos, a paciente referiu dormência em mãos, sendo então posicionada em trendelenburg reverso, sem outras repercussões. Cirurgia realizada com sucesso, sem intercorrências. Recém-nascido saudável, APGAR do 7/9, não necessitando de nenhuma intervenção além dos cuidados habituais pela equipe da pediatria. A paciente também não apresentou complicações no pós-operatório. DISCUSSÃO: Ainda não há uma resposta definitiva sobre a melhor técnica anestésica para a realização de cesárea em paciente portadora de acondroplasia. A literatura fornece respaldo para realização de anestesia raquidiana, peridural e geral, sendo que o BNE tem comprovada superioridade para o binômio materno-fetal. A raquianestesia foi escolhida por ser tecnicamente mais simples, considerando a anatomia desafiadora em uma paciente pouco colaborativa, apesar da altura do bloqueio na raquianestesia ser de difícil precisão. Peridural em infusão contínua, apesar da dificuldade técnica é capaz de fornecer adequada analgesia com menor risco de raquianestesia total. A fim de mitigar o risco dessa complicação, é necessário que se reduza a massa e volume anestésico utilizados, mas de modo a manter um nível adequado de bloqueio para a cirurgia. Ademais, é de crucial importância a monitorização do nível de bloqueio, mantendo constante diálogo com a paciente a fim de identificar precocemente qualquer sinal ou sintoma sugestivo (fraqueza/parestesia em membros superiores, sonolência, gosto metálico na boca). Em suma, é possível usufruir dos benefícios do BNE no cenário obstétrico para essas pacientes, conhecendo e estando sempre preparado para lidar com possíveis intercorrências.

Referência 1

Rudas, WO. García NIS. Upegui, A. et al. Anesthesia for cesarean section in a patinet with achondroplasia. 2012. 40:309-12.

Referência 2

Miller, RD. Cohen NH. Eriksson LI. et al. Miller Anestesia. Tradução da 8ª ed. 5918-6022.

Palavras Chave

acondroplasia; cesariana; raquianestesia

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET S.A.HOSP.CLIN.FAC.MED.UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

CAIO CÉSAR LEVATE AMARAL, IZABELA SILVA COELHO, MARCOS VICTOR SILVEIRA CRISANTO, BRUNO PESSOA CHACON, VINÍCIUS SILVEIRA FONSECA , LUCAS ALMEIDA FERNANDES JUNIOR