Dados do Trabalho


Título

Anafilaxia ao Látex - A importância da pergunta direcionada na avaliação pré anestésica

Descrição

Introdução:
A alergia ao látex é uma reação que afeta 1 a 2% da população e está entre as causas mais comuns de anafilaxia na sala de cirurgia. Desta forma, faz-se necessária a investigação direta de reações prévias e uma consulta pré-operatória minuciosa, minimizando os riscos de exposição e, consequentemente, a morbimortalidade dos pacientes no período perioperatório.

Relato de caso:
Paciente de 48 anos, sexo masculino, ASA II, foi submetido a uretroplastia posterior com enxerto de mucosa sob anestesia geral balanceada. Após a monitorização padrão, realizada antibioticoprofilaxia com Ceftriaxona e Metronidazol e os sintomáticos. A indução e a manutenção anestésica foram realizadas com Fentanil, Remifentanil, Rocurônio, e Sevoflurano. Após cerca de 2 horas do início do ato anestésico, paciente evoluiu com hipotensão e aumento de pressão em vias aéreas, acompanhado de hiperemia e edema de língua, sendo levantada hipótese de choque anafilático. Em alguns minutos, evoluiu para um quadro de PCR em AESP, sendo realizadas medidas de reanimação segundo protocolo ACLS por 10 minutos, quando houve retorno da circulação espontânea. Depois de 2 minutos, o paciente intercorreu novamente em PCR, agora por FV, sendo revertido após 2 choques (1 ciclo de RCP). Após estabilização, foi administrado Difenidramina e Hidrocortisona e mantida Adrenalina e Noradrenalina em BIC. A equipe cirúrgica optou por finalizar o caso, que durou 03 horas e 50 minutos desde a entrada do paciente em sala, sem novas intercorrências anestésicas. Paciente foi encaminhado à UTI, entubado e em uso de aminas vasoativas. Finalizado o procedimento, foi discutido com a acompanhante sobre a hipótese de alergias desconhecidas pelo paciente. A esposa relatou, então, que o marido apresentava edema periorbital e prurido local ao entrar em contato com bexiga inflável.

Discussão:
O látex, derivado de uma seiva das seringueiras, é utilizado em diversos produtos presentes no centro cirúrgico, como cateteres e luvas. Sabe-se que centenas de alérgenos foram identificados em sua composição, podendo desencadear desde sensibilização assintomática à hipersensibilidade mediada por IgE. Por isso, a alergia ao látex afeta de 1 a 2% da população e está entre as causas mais comuns de anafilaxia na sala de cirurgia, o que torna o seu conhecimento prévio fundamental para minimizar riscos no período perioperatório. Nesse sentido, é válido atentar para o risco aumentado de reações ao látex em casos de exposição frequente ou na presença de alergias alimentares (banana, kiwis abacate, entre outros). Essas informações devem ser cuidadosamente colhidas na consulta pré-operatória, sendo pesquisada ativamente com o paciente e o acompanhante, visto que há estudos que mostram que uma boa parcela dos pacientes omitem alguma comorbidade, alergia ou sequela de doenças prévias neste primeiro contato com o anestesista.

Referência 1

Mariano F, Botrel A, Teixeira V, et al. Evaluation of disease’s perception and its correspondence with omission: a clinical data by Brazilian patients. Anesthesia & Analgesia: September 2021; 113:1-1973.

Referência 2

Nguyen K, Kohli A. Latex Allergy. Status Pearl. 2024 Jan. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK545164/. Acessado em 24/07/2024

Palavras Chave

anafilaxia; alergia a látex; Avaliação pré-operatória

Área

Medicina Perioperatória

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL FELICIO ROCHO MG (MANTENEDORA FUNDAÇÃO FELICE ROSSO) - Minas Gerais - Brasil

Autores

ENZO LUIZ REZENDE REZENDE, MARINA FERREIRA FERREIRA, ALINE VIANA CARVALHO AMORIM, JOÃO VITOR SATHLER VIDAL, LUCAS RODRIGUES RUBACK, SERGIO GARZON BATISTA NANI