Dados do Trabalho
Título
Relato de Caso: Paciente com Artrite Reumatóide e Via Aérea Difícil Submetido a Anestesia Geral
Descrição
Introdução
A artrite reumatóide é uma doença autoimune que afeta o tecido conjuntivo, principalmente as articulações sinoviais. É caracterizada por poliartralgia simétrica. A progressão da inflamação leva à degradação da cartilagem, erosão dos ossos e desintegração de tendões e ligamentos. Isso impacta o manejo anestésico, dificultando o posicionamento, avaliação de vasos e anestesia regional, além do manejo da via aérea. Durante o manejo da via aérea, pode ocorrer subluxação do processo atlantoaxial com compressão da medula espinhal, podendo levar à tetraplegia e morte súbita. Além disso, o acometimento da articulação temporomandibular pode dificultar a abertura da boca, e a cricoaritenoide pode comprometer a anestesia, necessitando do uso de um tubo de menor calibre.
Relato de Caso
Paciente masculino, 47 anos, com artrite reumatóide desde os 15 anos, resultando em alterações no desenvolvimento e osteoporose. Fazia uso de famotidina, cloroquina, prednisona, cetorolaco e tramadol. Foi submetido a cirurgia para ressecção de lesão osteonecrótica e correção de fratura patológica no corpo mandibular esquerdo. Ao exame de via aérea, apresentou Mallampati IV, distância tireomentoniana menor que 6 cm, mobilidade do pescoço menor que 2,5 cm, peso de 19,5 kg e altura de 110 cm. Houve necessidade de abordagem da via aérea através de fibroscopia com sedação consciente e anestesia tópica em orofaringe. Paciente foi monitorizado com ECG, oximetria de pulso, PNI com manguito infantil, Bis, capnografia e termometria. Foi utilizado 1 mg de midazolam, remifentanil em TCI e 70 mg de propofol após a intubação, com tubo nasal aramado número 5,5 com cuff. Escopolamina foi administrada para reduzir a salivação antes da intubação. A manutenção da anestesia foi realizada com sevoflurano e remifentanil. Não houve intercorrências durante a cirurgia, e o paciente foi extubado sem necessidade de oxigênio suplementar na recuperação.
Discussão
O paciente foi diagnosticado com artrite reumatóide e necessitou de abordagem de via aérea para abordagem cirúrgica. Em consulta pré-anestésica, concluiu-se que a melhor estratégia seria a intubação por fibronasolaringoscopia acordado, pois o paciente apresentava limitação na abertura da boca tanto por dor quanto por mecânica (processo de anquilose secundário à AR). A intubação acordado evitou a hiperextensão da cabeça, que poderia levar à fratura da articulação atlantoaxial, o que seria catastrófico. Houve desafios com o posicionamento e punção de artéria e veia devido às deformidades. O paciente relatou boa experiência com a intubação acordado, lembrando apenas da topicalização de orofaringe, e teve alta do hospital sem dor ou outras queixas.
Referência 1
Radkowski, Pawel. A Review of the Current Status of Anesthetic Management of Patients with Rheumatoid Arthritis. Med Sci Monit. 2024 Apr 9:30.
Referência 2
Kim, Hae-Rim. Perioperative and anesthetic management of patients with rheumatoid arthritis. Korean J Intern Med. 2022 Jul;37(4):732-739.
Palavras Chave
Via aérea difícil; artrite reumatóide; fibroscopia
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
CET DISC.ANEST.FMUF UBERLÂNDIA - Minas Gerais - Brasil
Autores
AMANDA GOMES BARROS, THAIS JORGE RIBEIRO, PAULO RICARDO RABELLO DE MACEDO COSTA, BEATRIZ LEMOS DA SILVA MANDIM, LINCOLN LUIZ CORREA MOTA