Dados do Trabalho


Título

CESÁREA ELETIVA EM PACIENTE COM HIPOFISITE AUTOIMUNE POR IGG4

Descrição

INTRODUÇÃO
A hipofisite autoimune por IgG4 é uma condição rara em que há uma inflamação da hipófise associada a uma resposta imune mediada por anticorpos IgG4. É caracterizada pelo aumento dos níveis de anticorpos IgG4 e pela presença de infiltração de células plasmáticas positivas para IgG4 na hipófise. Esse tipo de resposta autoimune pode ser associado a outras doenças autoimunes e a condições sistêmicas.
Os sintomas da hipofisite autoimune por IgG4 podem variar, mas frequentemente incluem dor de cabeça, alterações visuais, distúrbios hormonais e déficits na função da hipófise.
O diagnóstico é desafiador e geralmente envolve uma combinação de exames clínicos, imagens por ressonância magnética (RM) e a análise sérica de anticorpos IgG4.
O tratamento geralmente envolve o uso de corticosteroides. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de outras terapias imunossupressoras.
Com relação à gravidez, a hipofisite autoimune por IgG4 pode acarretar em dificuldade para a concepção e manutenção de uma gestação.

RELATO DE CASO
Paciente de 37 anos é admitida para realização de cesariana eletiva. É portadora de hipofisite autoimune por IGG4, com diagnóstico há 1 ano. Era usuária de corticoide, imunomodulador e análogo de hormônio antidiurético, com perfil laboratorial controlado e dentro da normalidade. A anestesia consistiu em raquianestesia com punção em L2-L3 e administração em neuroeixo de bupivacaína hiperbárica 12,5mg, morfina 0,8mg e fentanil 25mcg. Nível de bloqueio atingido satisfatoriamente. Não houve intercorrências durante a cirurgia ou o período pós-parto.

DISCUSSÃO
Com manejo adequado muitas mulheres com hipofisite autoimune por IgG4 podem ter gestações bem-sucedidas. O pós-parto pode ser um período crítico, e o acompanhamento deve continuar para ajustar a terapia conforme necessário e monitorar possíveis recaídas ou mudanças na função hipofisária.
A hipofisite autoimune por IgG4 pode levar à insuficiência de vários hormônios, como ACTH, TSH, GH, LH e FSH. A insuficiência adrenal pode levar à instabilidade hemodinâmica durante a cirurgia. Portanto, é crucial monitorar de perto a pressão arterial e ajustar a administração de fluidos e vasopressores conforme necessário. Podem ter desequilíbrios eletrolíticos, como hiponatremia, devido à deficiência de ACTH e ADH. A monitorização e correção de eletrólitos são essenciais durante o procedimento. A reposição hormonal é crucial para tratar a insuficiência hipofisária, ajustando as doses de acordo com as necessidades fisiológicas gestacionais aumentadas. O uso de corticosteroides pode ser necessário para controlar a resposta inflamatória.
Por fim, a colaboração multidisciplinar entre endocrinologistas, obstetras e outras especialidades é imperiosa para otimizar os resultados tanto para a mãe quanto para o bebê. A pesquisa contínua e a documentação de casos clínicos são importantes para aprimorar nossa compreensão e abordagem a essa condição rara.

Referência 1

Kobayashi, T., Ito, N., Takemura, T., Wada, Y., Yokoyama, A., & Takano, K. (2017). Clinical features and outcomes of patients with IgG4-related hypophysitis. Endocrine Journal, 64(4), 495-503.

Referência 2

Eller-Vainicher, C., Falchetti, A., Gennari, L., Merlotti, D., Bertoldo, F., & Vescini, F. (2010). Hypophysitis associated with IgG4-related disease: a new addition to the hypophysitis spectrum. Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 95(6), 2922-2932.

Palavras Chave

AUTOIMUNE; HIPOFISITE; Cesárea

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL FRANCISCO MORATO OLIVEIRA SP - São Paulo - Brasil

Autores

CAIO AUGUSTO DE CARVALHO LEMOS, GABRIEL HENRIQUE PASSARELO PEREIRA, ANA LUISA CARVALHO PORTILHO, FILIPE DE MIRANDA SOUZA RAMOS, EMANUELLY DA COSTA NOBRE SOARES, GUILHERME BRAZÃO