Dados do Trabalho
Título
Intoxicação hídrica por água destilada após histeroscopia: relato de caso
Descrição
INTRODUÇÃO:
A síndrome da intoxicação hídrica é comum durante procedimentos de ressecção prostática transuretral, mas também pode ocorrer durante procedimentos de histeroscopia. Como todos os líquidos são hipotônicos, ainda pode ocorrer absorção e intoxicação hídrica a depender da quantidade absorvida, podendo resultar em graves complicações sistêmicas. Distúrbios hidroeletrolíticos e hemólise são algumas das complicações mais graves esperadas.
RELATO DE CASO:
Paciente do sexo feminino, 29 anos, 58 kg, P1, submetida a histeroscopia cirúrgica para ressecção de mioma uterino submucoso sob raquianestesia e sedação. Avaliação pré-anestésica e exames sem alterações. Realizada monitorização padrão (ECG, PNI, oximetria, temperatura). Além da oxigenoterapia, na anestesia, foram administrados 5mg midazolam, 12,5mg bupivacaina pesada e 150mcg clonidina, com extensão do bloqueio até T10, sem intercorrências. Para o procedimento, foi inserido histeroscópio conectado a uma infusão de água destilada. Foram administrados analgésicos, anti-inflamatórios e antieméticos. Entretanto, ao final do procedimento, após sondagem vesical, paciente iniciou quadro de rebaixamento do nível de consciência, associado a confusão mental, dor abdominal leve em hipogástrio e hemoglobinúria, levantando suspeita de síndrome da intoxicação hídrica. Foi colhido exame laboratorial que evidenciou acidose metabólica e hiponatremia de 122,9, confirmando o diagnóstico. No tratamento, optou-se pela restrição hídrica e uso de diurético de alça. Após 2 horas na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA), foi observado melhora importante da hemólise e do nível de consciência. Nova gasometria evidenciou melhora dos parâmetros alterados, com acidose metabólica compensada e sódio sérico: 127,9. Diante da melhora clínica e parâmetros laboratoriais, paciente foi encaminhada ao leito, hemodinamicamente estável, para dar seguimento e propedêutica adequada em unidade de internação.
CONCLUSÃO:
Durante a histeroscopia, a água destilada é usada para distender a cavidade uterina e permitir uma visualização adequada. Em casos de perfuração uterina ou absorção excessiva de líquidos pela mucosa endometrial, grandes volumes de água destilada podem entrar na circulação sistêmica, diluindo o sódio sérico e resultando em hiponatremia. A intoxicação hídrica pós-histeroscopia é uma complicação rara (incidência de 1% a 5%), mas potencialmente grave, que resulta da absorção excessiva de líquidos de irrigação durante o procedimento. A hiponatremia é a consequência mais comum dessa absorção excessiva, levando a sintomas neurológicos que podem variar de leves a graves. Este caso ressalta a necessidade de conscientização e vigilância durante procedimentos histeroscópicos.
Referência 1
Argiro, T., Antia, P., & Filippou, D. K.. (2004). Intoxicação hídrica durante histeroscopia: relato de caso. Revista Brasileira De Anestesiologia, 54(6), 832–835. https://doi.org/10.1590/S0034-70942004000600014
Palavras Chave
Intoxicação HÍDRICA; Histeroscopia
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET INTEGRADO DE UBERLÂNDIA - MG - Minas Gerais - Brasil
Autores
MATHEUS REZENDE ANDRÉ, LUIS FILIPE GUALBERTO FIGUEIREDO, CELSO EDUARDO REZENDE BORGES, JOÃO PAULO JORDÃO PONTES, FERNANDO CASSIO DO PRADO SILVA, ANASTÁCIO DE JESUS PEREIRA