Dados do Trabalho


Título

REVISÃO DE ARTROPLASTIA TOTAL DE QUADRIL EM PACIENTE COM HEMOFILIA DO TIPO B, UM RELATO DE CASO.

Descrição

Hemofilia trata-se de um distúrbio de caráter recessivo ligado ao X que causa insuficiência de fatores de coagulação, podendo ser dividida em hemofilia do tipo A (80-85%), ligada à deficiência de fator VIII, e hemofilia do tipo B, relacionada à deficiência de fator IX. Esse quadro manifesta-se com sangramentos espontâneos em músculos, articulações e partes moles, além de causar hemorragias intensas, quando os indivíduos são expostos a traumatismos. O presente relato envolve um paciente hemofílico que foi submetido a uma artroplastia total de quadril (ATQ), um procedimento realizado em pacientes vítimas de fratura de quadril, osteonecrose da cabeça do fêmur e osteoartrose. É motivo de constante atenção do anestesiologista devido suas particularidades, como a alta prevalência de perda sanguínea (especialmente em revisões de artroplastia), possibilidade de complicações tromboembólicas e potencial síndrome de implantação do cimento ósseo. Trata-se de um paciente do sexo masculino, 57 anos, 60kg, hemofílico do tipo B, admitido em centro cirúrgico para realização de ATQ devido soltura de artroplastia prévia associada à fratura periprótese em quadril direito. Acamado desde o incidente há 06 meses, à avaliação clínica, percebeu-se ausência de sangramentos ativos e hemartroses em joelhos e outras articulações. Exames laboratoriais indicando hemoglobina = 13; hematócrito = 42; plaquetas = 68.000; INR = 1,19; TTPA = 2,02; eletrocardiograma normal, com FC de 68bpm. Foi recomendado pela hematologista assistente a administração intraoperatória de 4.800UI de fator IX a cada 2 horas. Para o pós-operatório, recomendadas 1.800UI a cada 8 horas no primeiro dia, 1.800UI a cada 12 horas por 4 dias e mais 1.800UI a cada 24 horas durante 5 dias. Após discussão do caso com a equipe de cirurgia assistente, optado por realização de anestesia geral multimodal balanceada. Apresentou, durante a cirurgia, sangramento de difícil controle, estimado em 1 litro de sangue, levando à instabilidade hemodinâmica, com necessidade de noradrenalina entre 0,15-0,4mcg/kg/min e vasopressina 0,2U/min. Realizada hemotransfusão de 03 concentrados de hemácias, 01 unidade de plaquetas por aférese e 1000UI de complexo protrombínico. Após controle de sangramento e fim do ato cirúrgico, foi realizado bloqueio de fáscia ilíaca com passagem de cateter perineural e paciente foi conduzido à UTI intubado sob uso de noradrenalina. Em UTI, iniciada reposição e transfusão de mais 01 concentrado de hemácias e plaquetas, podendo ser extubado no dia seguinte à cirurgia, mantendo cateter perineural por 03 dias. Verifica-se, portanto, um desafio considerável o manejo cirúrgico desse grupo de pacientes com alto risco de sangramento, apesar de haver disparidades na literatura quanto ao aumento do risco de hemorragia entre esses indivíduos. Ademais, um cuidado cirúrgico experiente e acompanhamento pós-operatório intensivo e apropriado, parecem exercer grande influência para desfechos favoráveis.

Referência 1

Srivastava A, Brewer AK, Mauser-Bunschoten EP, et al. Guidelines for the management of hemophilia. Haemophilia. 2013;19(1):e1–47.

Referência 2

Rodriguez-Merchan EC. Total Ankle Replacement in Hemophilia. Cardiovasc Hematol Disord Drug Targets. 2020;20(2):88-92.

Palavras Chave

Artroplastia Total de Quadril; Hemofilia B; hemotransfusão

Área

Sistema Hematológico, Coagulação, Transfusão, Reposição Volêmica e PBM

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

RESIDÊNCIA - SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE MACEIÓ - Alagoas - Brasil

Autores

JOÃO PEDRO AZEVEDO SANTOS, GUILHERME CALIXTO DOS SANTOS NEVES, DANILLO EWERTON OLIVEIRA AMARAL, ROBERTA RIBEIRO BRANDÃO CALDAS, LARISSA CHRISTYNE ALBUQUERQUE BORGES DE MENDONÇA, CIRA QUEIROZ DA CUNHA