Dados do Trabalho


Título

Manejo de embolia aérea venosa no paciente submetido a neurocirurgia em posição sentada: relato de caso

Descrição

Introdução: a embolia aérea venosa (AEV) é uma complicação intraoperatória (IOP) potencialmente grave, sendo mais comum durante neurocirurgias (NCR) em posição sentada (PS) ou de fossa posterior. É caracterizada pela entrada de ar pelo campo cirúrgico ou outra comunicação com o ambiente pelas artérias ou veias, devido a diferença de gradiente pressórico (DGP). Seus efeitos são variados e pode levar a riscos cardiocirculatórias e disfunções orgânicas graves. Sua incidência varia pelo tipo de cirurgia e método de detecção empregado, e a gravidade se relaciona à massa de ar presente e retardo do tratamento. Entre as possíveis complicações associadas, destaca-se o embolismo paradoxal, afetando artérias coronárias e vasos cerebrais.
Relato de caso: homem, 26 anos, 1,65m, 65kg, negava comorbidades, submetido a NCR em PS para correção de malformação arteriovenosa occipital, apresentou clínica sugestiva de AEV no IOP. Submetido a anestesia geral sob monitorização obrigatória padrão. Indução anestésica: propofol 200 mg, lidocaína 2% 80 mg, fentanil 200 mcg e rocurônio 50 mg. Manutenção anestésica com sevoflurano. Associado bloqueio de couro cabeludo (“scalp block”) para analgesia multimodal com ropivacaína 0,3% 75 mg.
No IOP, equipe cirúrgica relata a presença de bolha de ar no campo operatório, observadas através do microscópio cirúrgico. Em seguida, evolui com resposta hemodinâmica adversa e episódios de hipotensão de difícil controle. Suspeitado de EAV e imediatamente iniciadas medidas de suporte. Irrigação da área afetada com solução salina gelada, ajuste da fração inspirada de oxigênio para 100% e aspiração de acesso venoso central. Medidas adicionais: posição de céfalo declive, no intuito de reduzir a DGP. O paciente evoluiu com melhora clínica e estabilidade hemodinâmica, permitindo a continuidade da cirurgia. Extubado em sala, sem déficits neurológicos.
Discussão: estudo abrangente revisou 1972 procedimentos realizados na PS e encontrou incidência de 4,7% de EAV. Desses, 1,1% exigiram intervenção clínica. O manejo anestésico adequado deve buscar medidas de prevenção da EAV, além de estar atento às alterações clínicas e cirúrgicas que sugerem o diagnóstico. O tratamento deve ser iniciado o quanto antes visando reduzir a gravidade do caso e das complicações agudas e crônicas da EAV.
Conclusão: o caso apresentado ilustra a necessidade do diagnóstico rápido e assertivo, além da instituição de cuidados clínicos seriados para se evitar desfechos desfavoráveis. Embora seja uma complicação já conhecida, a baixa incidência de casos, associada ao risco de subnotificação, reforça a necessidade de atenção aos fatores de risco e alterações clínicas no IOP. Checar o posicionamento na PS, evitar alterações abruptas das pressões intratorácicas, ou respiração espontânea, e estabilidade hemodinâmica estão entre as medidas de prevenção. Intervenções rápidas são cruciais para minimizar o impacto das complicações da EAV e garantir a segurança do paciente.

Referência 1

Mirsk MA, Lele AV, Fitzzsimmons L et al. Diagnosis and Treatment of Vascular Air Embolism. Anesthesiology. 2007 Jan;106(1):164-77.

Referência 2

Abcejo, A. (2024). Intraoperative venous air embolism during neurosurgery. UpToDate. Retrieved Jun 2024, from https://www.uptodate.com/contents/intraoperative-venous-air-embolism-during-neurosurgery

Palavras Chave

embolia aerea; neurocirurgia; posição sentada

Área

Neurociência e Anestesia Neurocirúrgica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET SERV.ANEST.HOSP.UNIV.CAJURU - PUC/PR - Paraná - Brasil

Autores

NICOLLE BARAUCE FREITAS, RICARDO RICARDO ALEXANDRINO, GIOVANA MITIE BANSHO