Dados do Trabalho


Título

Profilaxia de Isquemia Medular através de monitorização e drenagem de líquido cefalorraquidiano em cirurgia de Aneurisma de Aorta Toracoabdominal

Descrição

Introdução: A lesão isquêmica da medula espinhal (LIME), paraplegia ou paraparestesia persistente, ainda é uma das complicações mais temidas que pode ocorrer após cirurgias de reparo de aneurismas de aorta toracoabdominal (AATA). A sua incidência é maior imediatamente após a cirurgia.

Relato de Caso: Mulher, 75 anos, diagnóstico de AATA, tabagismo ativo, sem déficits neurológicos prévios. Ao exame de Angio-Tc: AATA fusiforme com extensão desde a aorta torácica até o segmento distal da aorta abdominal, com calibre de 5,5cm em segmento abdominal e 9,6cm no segmento torácico. Submetida a tratamento cirúrgico Endovascular. Em sala operatória: monitorização de consciência e nocicepção, cardioscopia, temperatura, oximetria cerebral e monitorização hemodinâmica, com índice de débito cardíaco contínuo, variação de volume sistólico, pressão venosa central (PVC), pressão de oclusão da artéria pulmonar. Monitorização da pressão do líquido cefalorraquidiano (PLCR) e pressão de perfusão medular (PPME).
Realizada derivação lombar externa (DLE) em posição sentada sob técnica asséptica, com o doente acordado, que não referiu alterações neurológicas durante o procedimento. Punção localizada entre L4-L5, com introdução do cateter até 10cm. Conectado a um transdutor e saco coletor. Durante o período intraoperatório, foi realizada monitorização da PLCR, mantida abaixo de 10mmHg e com fluxo drenado por ação da gravidade, variando entre 12-15mL/h. No pós operatório foi-se mantida PPME de pelo menos 65mmHg, colocado como limite inferior da coluna de pressão o alvo de 10cmH2O e seguiu-se mesmas metas de PLCR. Realizado registro do exame neurológico diário. Paciente evoluiu sem déficits, mantendo a DLE ao longo dos primeiros 7 dias de internação.

Discussão: A PPME é obtida através da diferença entre a PAM e as pressões: PVC e PLCR. O mecanismo de isquemia durante uma abordagem de correção de AATA envolve desde o clampeamento do vaso até lesão pós-operatória por isquemia-reperfusão e edema espinhal.
Dentre as possibilidades de neuroproteção para essas cirurgias, o sistema de drenagem de liquido cefalorraquidiano se baseia no princípio de garantir a PPME, mantendo uma PAM e reduzindo a pressão espinhal do LCR. No entanto, sabe-se que o procedimento de cateterização do espaço subaracnóideo não é inócuo, podendo apresentar complicações. É importante individualizar a monitorização, bem como protocolar o manejo, afim de obter eficácia na prevenção de danos neurológicos por LIME.

Referência 1

Cerebrospinal-fluid drain-related complications in patients undergoing open and endovascular repairs of thoracic and thoraco-abdominal aortic pathologies: a systematic review and meta-analysis

Palavras Chave

isquemia medular; DLE; liquor

Área

Anestesia Cardiovascular e Torácica

Fonte de financiamento

Público

Instituições

CET S.A.HOSP.SERVID.PUBL.DE SP - São Paulo - Brasil

Autores

VICTOR RIBEIRO DA PAIXAO, GABRIELA DIAS CAVALCANTI, JOAO GUILHERME MEINEM GARBIN, CAIO AUGUSTO DE CARVALHO LEMOS, FILIPE DE MIRANDA SOUZA RAMOS