Dados do Trabalho


Título

Manejo anestésico para tireoidectomia em paciente cardiopata com bócio gigante. Relato de caso.

Descrição

Introdução: O bócio retroesternal ocorre quando mais de 50% da glândula tireóide se encontra abaixo da incisura supraesternal. Pode ainda ser classificado por meio de sua extensão até o arco aórtico, entre arco aórtico e a carina traqueal e após a carina traqueal. Devido ao grande volume causa desvio e compressão traqueal, dificulta a ventilação, intubação e o procedimento cirúrgico em si, além de gerar estresse cardiovascular e aumentar o risco de complicações pós-operatórias. Relatamos o caso em paciente com sequela de AVE e coronariopata com stents farmacológicos.
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 64 anos, obesidade grau I, hipertenso, coronariopata e portador de bócio atóxico multinodular gigante e mergulhante submetido à tireoidectomia total sob anestesia geral balanceada. Após monitorização e pré-oxigenação, foi realizada anestesia tópica em cavidade oral com lidocaína spray 10%, sedação leve com dexmedetomidina 0,5 µg/kg/h e intubação com paciente cooperativo por videolaringoscopia. Indução anestésica com propofol 150mg, fentanil 150mg e rocurônio 40mg e manutenção com sevoflurano (1,5-2Vol/%) e remifentanil 0,05-0,1 µg/kg/minuto. Puncionada linha arterial em radial esquerda e realizada antibioticoprofilaxia com cefazolina. O procedimento durou cerca de seis (6) horas e durante o intraoperatório foram infundidos 1850 mL de cristalóides e 01 concentrado de hemácias. Houve diurese de 500 mL e necessidade de infusão contínua de noradrenalina (0,03 - 0,1 µg/kg/minuto). Além da monitorização padrão foi utilizado o TOF. Paciente extubado em sala após reversão do bloqueio neuromuscular com sugamadex e encaminhado ao CTI com suporte de oxigênio sob tenda facial e infusão de noradrenalina em dose baixa.
Discussão: Proteção à resposta cardiovascular e segurança na obtenção da via aérea são objetivos a serem alcançados em todos os pacientes, ainda que alguns sejam considerados críticos. Grandes massas cervicais dificultam a ressecção cirúrgica e aumentam o risco de complicações pós-operatórias e mortalidade. Podem causar desvio e compressão traqueal, além de limitação do movimento cervical e da abertura de boca, podendo gerar dificuldades na ventilação e intubação. A intubação acordado com dispositivos como videolaringoscópio ou broncofibroscópio pode ser o caminho recomendado para o manejo da via aérea difícil antecipada. A dexmedetomidina auxilia na sedação, ansiólise e redução da salivação com depressão respiratória e cardiovascular mínimas. Estudos recentes demonstraram menor tempo de intubação e taxas menores de dessaturação com o videolaringoscópio. Contudo, a avaliação minuciosa do paciente, a implementação de planos de atuação, a experiência do anestesiologista e a escolha da técnica anestésica são fatores de suma importância para desfecho positivo.

Referência 1

MEROLA, R.; VARGAS, M.; MARRA, A. et al. Videolaryngoscopy versus Fiberoptic Bronchoscopy for Awake Tracheal Intubation: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. J. Clin. Med. 2024, 13, 3186

Referência 2

HE, X. Y.; CAO, J. P.; HE, Q. et al. Dexmedetomidine for the management of awake fibreoptic intubation. Cochrane Database Syst Rev. 2014 Jan; 2014(1): CD009798. Published online 2014 Jan 19.

Palavras Chave

Intubação acordada; dexmedetomidina; bócio

Área

Anestesia de cabeça, pescoço, otorrinolaringológica e oftalmológica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET PROF. SILVIO RAMOS LINS - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

VICTOR HENRIQUE BERNARDES, ANA CLARA FONTELLA LINDENBLATT KATOPODIS, MARCO ANTONIO CARDOSO RESENDE, ANDREA JORGE SILVA, MARIANA SANTOS MATTOS TAVARES, ALEXANDRA REZENDE ASSAD