Dados do Trabalho
Título
Manejo de via aérea difícil devido à lesão rapidamente expansiva em cavidade oral de lactente
Descrição
Introdução: Tumor neuroectodérmico melanocítico da infância (TNMI) é uma rara neoplasia benigna, porém pode manifestar grande agressividade local, pois usualmente se apresenta com crescimento rápido, localizado na região anterior da maxila. Tem sua provável origem na crista neural. As características de localização e o crescimento acelerado tornam o manejo anestésico, em especial da via aérea (VA) desafiador.
Relato de caso: Paciente de 3 meses, 7 kg, previamente hígida, idade gestacional ao nascimento de 38 semanas, via de parto cesárea. Identificado um dente em arcada superior aos 2 meses de vida. Encaminhada para odontologia pediátrica que extraiu o dente. Lactente então evoluiu com aumento progressivo do volume do palato, com sangramento espontâneo local. Criança evoluiu com dificuldade respiratória e de sucção. Angiotomografia de crânio evidenciou lesão maxilar hipercaptante e com destruição óssea importante. Em virtude do crescimento rápido da lesão com oclusão de um volume significativo da cavidade oral, em 11/07 foi optado por realização de biópsia da lesão e confecção de traqueostomia. A equipe anestésica frente à situação de VA difícil se preparou e colocou à disposição videolaringoscópio, fibrobroncoscópio flexível e material para traqueostomia. A proposta foi manter a paciente tranquila e com drive ventilatório preservado até que via aérea avançada fosse estabelecida. Paciente admitida em jejum, agitada, mantendo ventilação espontânea, com acesso venoso central em veia subclávia direita e sonda nasogástrica. Administradas Cetamina e Dexmedetomidina endovenosa (EV) em infusão contínua na dose de 1 mg/Kg e 1 mcg/kg respectivamente em um período de 10 min, além de oferta de oxigênio suplementar e anestesia tópica oral com lidocaína spray 10%. Tal estratégia se mostrou eficaz, pois a paciente manteve-se em ventilação espontânea e tolerou a intubação orotraqueal com tubo orotraqueal 4.0 com balonete sob auxílio de fibroscópio flexível. Procedimento bem sucedido e confirmado através de capnografia. Em seguida realizada anestesia geral balanceada e confecionada traqueostomia. Exerese total do tumor foi realizada em um segundo momento.
Discussão: Na situação de VA sabidamente difícil o anestesiologista deve se preparar para meios alternativos à laringoscopia direta. A fibroscopia flexível em mãos habilidosas é um recurso extremamente valioso nessas situações e para a realização da mesma é importante que a sedação seja bem feita com objetivo de manter a VA patente e a ventilação espontânea para evitar que ocorra a temida situação de não ventilar e não intubar. Para além disso, ter disponíveis recursos para VA definitiva é prudente.
CONCLUSÃO: Ter arsenal de equipamentos, estratégia para utilização de drogas de perfil favorável à manutenção da ventilação espontânea e equipe treinada para atuar nessas situações é essencial, principalmente em serviços que oferecem assistência à população pediátrica.
Referência 1
Cui Y, Mao Z, Liao C. Melanotic neuroectodermal tumor of infancy: a case report and review of the surgical treatment. Oncol Lett. 2015;9(1):29-34.
Referência 2
Lima LC, Cumino DO, Vieira AM, Silva CHRD, Neville MFL, Marques FO, Quintão VC, Carlos RV, Fujita ACG, Barros HÍM, Garcia DB, Ferreira CBT, Barros GAM, Módolo NSP. Recommendations from the Brazilian Society of Anesthesiology (SBA) for difficult airway management in pediatric care. Braz J Anesthesiol. 2024 Jan-Feb;74(1):744478. doi: 10.1016/j.bjane.2023.12.002. Epub 2023 Dec 24. PMID: 38147975; PMCID: PMC10877349.
Palavras Chave
Oncologia Cirúrgica; obstrução de vias aéreas; Via área difícil
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET DO HOSPITAL VILA DA SERRA - Minas Gerais - Brasil
Autores
JESSÉ GOMES BARBOSA, MARIANA GOMES RAJÃO SANTIAGO, VIRGÍNIA MARTINS GOMES, VIVIANE DINIZ DE RESENDE, VANESSA GARCIA GOMES, PEDRO HENRIQUE COSTA SILVA