Dados do Trabalho


Título

Raquianestesia Contínua em Paciente Idoso Frágil

Descrição

INTRODUÇÃO:
A raquianestesia contínua é pouco utilizada no cenário da anestesiologia. Trata-se da realização de uma punção da dura máter e alocação de um cateter no espaço intratecal a fim de injetar anestésico de forma intermitente durante a cirurgia. É um procedimento indicado em pacientes policomórbidos, com o objetivo de evitar complicações associadas a raquianestesia em dose única.

RELATO DE CASO:
D.S.P., 67 anos, peso: 57 kg e altura:1,70 m, portador de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 2 insulino dependente, insuficiência cardíaca (fração de ejeção 26%), doença pulmonar obstrutiva periférica, acamado desde acidente vascular cerebral isquêmico em 2022, ASA IV, e risco cardiovascular índice de LEE: 4. Admitido em sala com proposta cirúrgica de amputação transfemural pelo diagnóstico de necrose extensa de perna. Paciente apresentou-se em sala em delirium hipoativo, consumido devido às suas comorbidades prévias. Em decorrência do elevado risco associado a anestesia geral e baixa cooperação para realização de bloqueio periférico, foi optado por raquianestesia contínua, realizada com agulha Tuohy 18 G, com passagem de cateter subdural e infusão de 5mg de bupivacaína isobárica e 100 mcg de morfina. Paciente monitorizado com pressão arterial não invasiva e acesso calibroso, sendo mantida estabilidade clínica e hemodinâmica durante toda a cirurgia, com posterior repique de bupivacaína isobárica 5 mg após 90 minutos. O procedimento seguiu sem intercorrências; o paciente foi encaminhado à UTI, onde seguiu em recuperação sem cefaleia pós punção. Após 5 dias, recebeu alta para a enfermaria da cirurgia vascular.

DISCUSSÃO:
No caso relatado, é possível observar a fragilidade do paciente para o procedimento cirúrgico a ser realizado (vasculopatia, diabetes, DPOC), com grande potencial de complicações, como hipotensão, taquicardia e baixo débito. Nesse sentido, a raquianestesia contínua tem a vantagem de apresentar maior estabilidade hemodinâmica, uma vez que o anestésico pode ser infundido gradualmente no espaço intratecal. Essa técnica também possibilita o prolongamento do efeito anestésico caso seja necessário. Algumas complicações são descritas, como sangramento, síndrome da cauda equina, infecção, cateterização intravascular e cefaleia pós raqui, sendo este último mais comum em pacientes jovens do sexo feminino.

CONCLUSÃO: Trata-se de uma técnica interessante a ser realizada em casos selecionados. É classicamente indicada em pacientes com elevado risco cardiovascular, como estenose aórtica grave, porém pode se estender também a outros cenários nos quais seja necessário manter a estabilidade hemodinâmica.

Referência 1

Fusco P, Celniku M, Alvisini A, Marinangeli F. Continuous spinal anesthesia and high anesthetic risk patient: a game still open. Minerva Anestesiol. 2021 Sep;87(9):1049-1050. doi: 10.23736/S0375-9393.21.15666-4. Epub 2021 Apr 14. PMID: 33853277

Referência 2

Beh ZY, Au Yong PS, Lye S, et al. Continuous spinal anaesthesia: A retrospective analysis of 318 cases. Indian J Anaesth 2018;62:765–72

Palavras Chave

raquianestesia contínua; ANESTESIA GERIATRICA

Área

Anestesia Geriátrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET S.A.HOSP.SERVID.PUBL.DE SP - São Paulo - Brasil

Autores

RICARDO TADEU DA SILVA ONETY JUNIOR, ANDRÉ VICTOR FERNANDES BARBALHO, MARIANA DE OLIVEIRA ANDRE VICTOR GOMES , FRANCISCO NUNES DE ALENCAR NETO, DANIEL DA ESCÓSSIA MELO SOUSA, VINÍCIUS FERNANDES SARMENTO