Dados do Trabalho


Título

Anestesia para cirurgia de Ross: um relato de caso clínico

Descrição

Introdução
A cirurgia de Ross é um procedimento cirúrgico que pode ser indicado em casos de disfunção valvar aórtica. Consiste em implante de autoenxerto pulmonar em posição aórtica e implante de homoenxerto pulmonar/conduto pulmonar para substituição da valva pulmonar nativa. O procedimento possui vantagens especialmente em crianças e adolescentes, comparativamente à substituição valvar com prótese, pelo fato de o autoenxerto oferecer potencial de crescimento, baixa incidência de degeneração e evitar a necessidade de anticoagulação crônica. O objetivo deste trabalho é discutir aspectos clínicos da condução anestésica em cirurgia cardíaca de Ross em lactente com diagnóstico de estenose aórtica por valva unicúspide.

Relato de caso
Lactente de cinco meses foi submetido a cirurgia de Ross. Apresentava diagnóstico de estenose aórtica por valva unicúspide e havia sido submetido a valvoplastia aórtica por balão previamente à realização do procedimento cirúrgico proposto. O ecocardiograma pós valvoplastia aórtica percutânea demonstrou estenose aórtica residual e insuficiência aórtica de grau importante. O paciente foi admitido em centro cirúrgico proveniente de UTI monitorizado, em ventilação de suporte por TQT (por falhas de extubação prévias; quadro de ICC; estenose subglótica grau II à broncoscopia). Foi realizada indução anestésica inalatória com sevoflurano e venosa com cetamina, cisatracúrio e fentanil. Realizado intubação via traqueostoma e puncionado artéria femoral e veia subclávia direita. A cirurgia transcorreu sem intercorrências, com duração de seis horas e tempo de circulação extracorpórea (CEC) de 117 minutos. Paciente saiu de CEC, após bolus de milrinona, em uso de milrinona 0,5 mcg/kg/min, epinefrina 0,1 mcg/kg/min e dobutamina 10mcg/kg/min. Foi necessário transfusão de concentrado de hemácias durante o procedimento. Ao final, paciente encaminhado ao CTI para cuidados pós-operatórios em VM por TQT e em uso de epinefrina e milrinona.

Discussão
Neonatos com estenose aórtica crítica podem apresentar choque cardiogênico e alteração metabólica significativa. Nessa população, o tratamento de escolha normalmente é a valvoplastia percutânea, o que tem como risco a dilatação excessiva resultando em insuficiência valvar. O manejo anestésico de pacientes com disfunção valvar aórtica deve ter como objetivo a manutenção de pré-carga, pós-carga e contratilidade cardíaca. Nos casos de estenose aórtica, uma frequência cardíaca normal ou, até certo ponto, diminuída é preferida. Na presença de regurgitação aórtica, uma frequência cardíaca mais alta é mais bem tolerada. Compreender as alterações fisiológicas e objetivos do manejo anestésico é fundamental para a condução de cirurgia cardíaca, especialmente no caso das cardiopatias congênitas. No presente trabalho, todos os aspectos fisiológicos foram levados em consideração para segurança do paciente e sucesso do procedimento.

Referência 1

Romeo, Deborah A. Aortic Stenosis. In: Berenstain, Laura K. Spaeth, James P. Congenital Cardiac Anesthesia. Cambridge University Press. 2021; 90-96

Referência 2

Sapé tb, James P., Loepke, Andreas W. Anesthesia for Left-sided Obstructive Lesions. In: Andropoulos, Dean B. Mossad, Emad B. Gottlieb, Erin A. Anesthesia for Congenital Heart Disease. John Wiley & Sons Ltd. 2023

Palavras Chave

Cardiopatia; congênita;

Área

Anestesia Cardiovascular e Torácica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET STA.CASA MISER.B.HORIZONTE - Minas Gerais - Brasil

Autores

JULIA CAROLINA VIANA, JULIANA FARIA DE FREITAS, MAGDA LOURENCO FERNANDES, KLEBER COSTA DE CASTRO, MARCELO FONSECA MEDEIROS