Dados do Trabalho


Título

MANEJO ANESTÉSICO EM PEDIATRIA: RESSECÇÃO DE TUMOR INTRACARDÍACO EM PACIENTE COM FEOCROMOCITOMA

Descrição

INTRODUÇÃO: O diagnóstico de feocromocitoma com tumoração intracardíaca é muito infrequente na população, principalmente em pediatria. Além da raridade, a obstrução mitral causada pela massa tumoral repercute hemodinamicamente como estenose mitral (EM), fisiologia pouco manejada dentro da cardíaca infantil, sendo mais frequente na população adulta. Assim, é fundamental o manejo fino, guiado por metas, com profundo conhecimento da fisiologia cardiovascular para garantir o sucesso no intraoperatório.
RELATO DE CASO: Paciente, 4 anos, feminino, 15kg, encaminhada com diagnóstico feocromocitoma e tumor intracardíaco em átrio esquerdo com indicação de ressecção cirúrgica. Ao ecocardiograma, a massa originava-se próximo às veias pulmonares e estendia para a cavidade atrial com obstrução moderada ao fluxo sanguíneo pela valva mitral, sugerindo a presença de mixoma atrial volumoso. A paciente foi encaminhada para sala sob efeito de medicação pré-anestésica com midazolam 0,1mg/kg endovenoso. Seguido de monitorização com cardioscopia, pressão arterial não invasiva, oximetria de pulso, sensor de oximetria cerebral com near-infrared spectroscopy (NIRS), e ecocardiografia transesofágica. A técnica eleita foi anestesia geral balanceada com fentanil 5 mcg/kg, escetamina 0,5mg/kg, sevorane 3% e rocurônio 1,2mg/kg. Após a intubação orotraqueal com cânula 5,0 com cuff, foi puncionado cateter venoso central, obtido linha arterial e sondagem vesical de demora. A manutenção anestésica realizada com sevoflurano 2,5% e dexmedetomidina 0,5 mcg/kg/h. O intraoperatório transcorreu sem intercorrências e com ajustes finos nos parâmetros hemodinâmicos. A paciente manteve-se em circulação extracorpórea (CEC) por 44 minutos a temperatura de 33° C para resseção da massa tumoral. A saída de CEC foi com milrinone 0,3mcg/kg/min e sem necessidade de uso de hemocomponentes ou hemoderivados, realizada somente reversão da heparina com 20.000UI de protamina.
Paciente extubada em sala e encaminhada aos cuidados da terapia intensiva cardiopediátrica. A patologia afastou o diagnóstico de mixoma atrial e confirmou que a massa tumoral pertencia à forma metastática de feocromocitoma.
DISCUSSÃO: O sucesso do manejo hemodinâmico foi contemplar as metas necessárias para o paciente com EM. Apesar de não haver comprometimento da valva em questão, a presença da massa tumoral repercutia com obstrução ao fluxo sanguíneo pela valva, comportando-se fisiologicamente como EM. O manejo priorizou a estabilidade e equilíbrio das resistências vascular sistêmica e pulmonar, evitando, respectivamente, a diminuição e aumento destas. Houve ponderação na reposição de fluidos, sem aumento súbito na pré-carga e ajustes no plano anestésico com escolha de fármacos com mínima alteração na frequência cardíaca. A presença da ecocardiografia transesofágica, a monitorização invasiva e a presença do NIRS, contribuíram fortemente com o sucesso e guiaram as condutas e metas durante todo o intraoperatório.

Referência 1

Alanmanou E, Deutsch N, Kartha VM et al. Anesthesia and Sedation for PEdiatric Heart Disease. In: Critical Heart Disease in Infants and Children (Third Edition). ScienceDirect. Elsevier, 2019; 213-231

Referência 2

CIFTCI, A. T.; ERGÜN, T.; ARSLAN, G.; et al. Recurrence rates of benign and malignant pheochromocytomas in children: a retrospective study. Cureus, [S. l.], 2023

Palavras Chave

Feocromocitoma; tumor cardíaco; metástase cardíaca

Área

Anestesia Pediátrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET H.B.FUNFARME-S.J.RIO PRETO - São Paulo - Brasil

Autores

GABRIELA SCHIAVO SALATA, MÔNICA DOS SANTOS TOSELLO, ISABELA DAHER ANBAR, FRANCISCO RICARDO MARQUES LOBO