Dados do Trabalho
Título
Hipertermia Maligna em criança submetida a orquidopexia e correção de fístula uretrocutânea sob anestesia geral: relato de caso
Descrição
Introdução: A Hipertermia Maligna (HM) é uma doença farmacogenética potencialmente fatal desencadeada pelo uso de relaxantes musculares e halogenados. Suas manifestações incluem taquicardia, taquipneia, hipercarbia e rigidez muscular, podendo evoluir para elevação da temperatura corporal, acidose metabólica, rabdomiólise e morte. Sua prevalência é mais comum em crianças (1:10.000 procedimentos anestésicos), sendo metade dos casos em pacientes menores de 15 anos.
Relato de caso: Criança, 6 anos, masculino, admitido para uma orquidopexia e correção de fístula uretrocutânea sob anestesia geral. Realizou-se indução inalatória com sevoflurano e posteriormente, administração de propofol e fentanil. Durante o procedimento cirúrgico, desenvolveu hipercapnia, com PCO2 de 170 mmHg, aumento da temperatura axilar (40,3ºC), rigidez do masseter e hipercalemia (K sérico de 5,7 mmol/L), preenchendo critérios clínicos de suspeição de HM. Assim, o protocolo orientado pela Linha Direta para HM foi aplicado, realizando manejos: interrupção da infusão anestésica inalatória e lavagem do sistema, hiperoxigenação, administração intravenosa de dantrolene na dose de 2,5 mg/kg, administrado 2 vezes, e aplicação de bolsas de gelo para controle de temperatura. Após a realização do procedimento, a criança evoluiu com redução dos níveis plasmáticos de CO2, melhora da rigidez muscular e diminuição da temperatura corporal, retornando aos parâmetros fisiológicos. Extubado e transferido para UTI pediátrica em ar ambiente com acesso venoso central em subclávia direita, acesso venoso periférico 20mm na região cubital e sonda vesical de demora. Foi possível observar a urina amarela clara. Doses de manutenção de dantrolene administradas 6/6h e a hidratação mantida em BIC por 24h. Quanto aos resultados laboratoriais, as alterações relacionadas à HM encontradas no paciente incluíram aumento das enzimas musculares (CK 7.900 U/L ; K 3,3; Cr 0,45 no dia seguinte), destacando a rabdomiólise. No dia seguinte, o paciente foi transferido para enfermaria, onde dantrolene foi mantido em esquema de 6/6h, completando as 48h propostas em discussão com equipe da Linha Direta da HM, além da coleta de novos exames (CK 2.650U/L; K 3,5; Cr 0,35) para monitorização das condições gerais do paciente, visto que era esperado o possível desenvolvimento de uma Insuficiência Renal Aguda (IRA). Devido à descensão do CK, o paciente teve alta com acompanhamento domiciliar.
Discussão: Existem estudos moleculares que avaliam a ocorrência e o risco de recorrência de episódios de HM. Contudo, o teste genético não está disponível para todos os pacientes em vista de seu alto custo e dificuldade técnica. Como ferramenta para a triagem da HM, a Avaliação Pré Anestésica é de suma importância para atentar-se aos pacientes com histórico familiar e suspeita de HM.
Referência 1
Butala B, Busada M, Cormican D. Malignant hyperthermia: review of diagnosis and treatment during cardiac surgery with cardiopulmonary bypass. J Cardiothorac Vasc Anesth. 2018;32(6):2771-9
Referência 2
Boushra MN, Miller SN, Koyfman A, Long B. Consideration of occult infection and sepsis mimics in the sick patient without an apparent infectious source. J Emerg Med. 2019;56(1):36-45.
Palavras Chave
hipertermia maligna; Complicações Perioperatórias; Anestesia pediátrica
Área
Doenças Neuromusculares e Medicamentos
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
CET SEDARE - COMPLEXO HOSP.SÃO MATHEUS - Mato Grosso - Brasil
Autores
MARIANA DE AGUIAR MAIA, MARA RUBIA ARAUJO CARDOSO, MARIA FERNANDA RIBEIRO ALITO, POLYANNE LOPES DE FREITAS SCARDUELLI, LUCAS HENRIQUE MOURA BORGES, KATIA GOMES BEZERRA