Dados do Trabalho
Título
Anestesia para o tratamento cirúrgico de estenose aórtica grave em Testemunha de Jeová
Descrição
Introdução: A anestesia para tratamento cirúrgico de cardiopatias é dinâmica e desafiadora. A ocorrência de sangramento, de instabilidade hemodinâmica e de distúrbios de coagulação, sobretudo quando há restrição à hemotransfusão, exige excelência no planejamento e manejo perioperatório. Relato de caso:M.L.M.G, feminino, 77 anos, testemunha de Jeová, portadora de estenose aórtica grave. Ao exame, evidenciava sopro holossistólico em foco aórtico +3/+6. Sem preditores de via aérea difícil, exceto pelo histórico de artrite reumatoide. Coronariografia sem lesões obstrutivas e eletrocardiograma era normal. Ecodopplercardiograma transtorácico demonstrava função sistólica do VE preservada (FEVE= 69% - Teichholz), velocidade de pico sistólico 5,6 m/s, gradiente sistólico máximo de 128 mmHg e médio de 82 mmHg, área efetiva de fluxo 0,36 cm. Hemoglobina pré operatória de 12,1g/dL, hematócrito de 38,5%.Otimização hematimétrica pré operatória com suplementação de ferro venoso e eritropoetina; orientações sobre procedimento e riscos; checagem das diretivas antecipadas de vontade, da conformidade da equipe, da disponibilidade de monitor de coagulação ativada (TCA), tromboelastograma e cell saver.Após monitorizacão básica, instalação de BIS, acesso venoso central e de pressão arterial invasiva em radial esquerda, foi realizada indução venosa com Sufentanil, propofol TCI e cisatracúrio. Intubação e acoplamento à ventilação mecânica com sevoflurano sem intercorrências. Administrado Cefazolina, metadona, dexametasona e hidrocortisona.Bombas de infusão com noradrenalina, nitroprussiato, dobutamina, cetamina, dexmedetomidina, remifentanil e propofol TCI disponíveis. Entrada em CEC após administração de heparina não fracionada guiada por TCA sem intercorrências. Tempo de circulação extracorpórea(CEC): 118 minutos. Tempo de Clampe aórtico: 104 minutos. Retorno à anestesia inalatória com sevoflurano guiado por BIS; Recebido volume de CEC sob infusão de nitroprussiato 2mcg/kg/min sem intercorrências.Administrados protamina 40.000 U IV, sangue autólogo recuperado por Cell Saver 250ml; fibrinogênio 3g, complexo protrombínico 2000UI, ddavp, ácido tranexâmico 1,5g. Balanço sanguíneo de -50ml e hídrico de + 875ml. Exames pós operatórios evidenciavam hemoglobina de 10,6g/dL e bioprótese aórtica normofuncionante: Velocidade de pico sistólico = 170cm/s, gradiente sistólico médio de 6,15 mmHg e área valvar de 2,07 cm2.Discussão: Múltiplas e complexas são as complicações metabólicas, cirúrgicas, hemodinâmicas e hematológicas em cirurgia cardíaca para tratamento de Estenose Aórtica. Os protocolos de manejo sanguíneo perioperatório, bem como a utilização do cell saver, monitorização de TCA e tromboelastografia despontam como importantes recursos para melhores desfechos operatórios em respeito à autonomia de pacientes com objeção à hemotransfusão.
Referência 1
Goobie, SM.Pacient Blood Management Is a New Standard of Care to Optimize Blood Health. Anesthesia & Analgesia.2022;135(3):443-446.
Referência 2
Vitolo M, Mei DA, Cimato P et al. Cardiac Surgery in Jehovah’s Witnesses Patients and Association with Peri-Operative Outcomes: A Systematic Review and Meta-Analysis.Current Problems in Cardiology, 2023;48(9):101789.
Palavras Chave
Anestesia; Estenose aórtica; hemostasia
Área
Anestesia Cardiovascular e Torácica
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
CET HOSP.G.DO INAMPS FORTALEZA - Ceará - Brasil
Autores
DENISE TEIXEIRA SANTOS, JOSÉ CARLOS RODRIGUES DO NASCIMENTO, LUIZ AUGUSTO CARNEIRO NETO, GERMANO PINHEIRO MEDEIROS, SARA LÚCIA FERREIRA CAVALCANTE, FRANCISCO DIEGO SILVA DE PAIVA