Dados do Trabalho


Título

Hipertermia maligna em paciente submetida a cirurgia ortognática: relato de caso

Descrição

Paciente sexo feminino, 24 anos, 54kg, história prévia de glaucoma, em uso de Latanoprosta e Timolol colírio, sem alergias, cirurgias prévias ou infecções recentes, submetida a cirurgia ortognática bimaxilar e mentoplastia. Indução anestésica com fentanil, propofol e atracúrio e manutenção com sevoflurano (CAM 0,9%) e remifentanil (2,5ng.mL). Monitorização habitual com oximetria, pressão arterial não invasiva, cardioscópio e termômetro axilar. Após 6 horas de cirurgia, notou-se aumento abrupto da fração expirada de CO2 (ETCO2) de 37mmHg para 84mmHg, a despeito de ajustes ventilatórios, acompanhado de hipertermia(40,5°C), taquicardia(140bpm), e aumento da pressão arterial de 91x53(66)mmHg para 137x63(90)mmHg. Diante desse cenário, levantou-se HM como principal hipótese diagnóstica, procedendo-se interrupção imediata de Sevoflurano e instituição de anestesia venosa total (propofol e remifentanil), troca do circuito de ventilação, oferta de O2 a 100% com alto fluxo, hiperventilação, resfriamento ativo com soro gelado, administração de Dantrolene (ataque e manutenção) e correção da hipercalemia (K:6,08). Após tais medidas, paciente evoluiu com melhora significativa do quadro clínico sendo encaminhada ao CTI onde permaneceu estável recebendo alta hospitalar após 6 dias.
Discussão: A HM é uma condição farmacogenética, de herança autossômica dominante e penetrância variável, relacionada, majoritariamente, a mutações no gene que codifica o receptor de rianodina (RYR1). Como resultado dessa desordem, tem-se distúrbios na liberação de Ca2+pelo retículo sarcoplasmático da célula muscular esquelética, podendo levar a contrações musculares sustentadas que culminam em rabdomiólise, consumo excessivo de O2 e produção excessiva de CO2. De modo geral, as manifestações iniciais do quadro incluem taquicardia e aumentos substanciais da fração expirada de CO2 e da temperatura corpórea. Com a evolução da complicação, o estado hipermetabólico leva a acidose metabólica, hipercalemia grave, mioglobinúria, lesão renal aguda, insuficiência cardíaca aguda e síndrome compartimental. No caso em tela, os primeiros sinais que aventaram a hipótese diagnóstica foram a elevação abrupta de ETCO2 e da temperatura corporal, confirmada medindo a temperatura central, e os demais achados nos fez pensar na HM, instituindo a terapêutica apropriada precocemente, buscando a confirmação do diagnóstico e exclusão de diagnosticos diferenciais. Acredita-se que a evolução favorável do quadro ocorreu devido a sua rápida identificação e tratamento. Nesse sentido, destaca-se que o conhecimento sobre essa grave e importante complicação anestésica é essencial para todos os anestesiologistas.

Referência 1

Kaur H, Katyal N, Yelam A, et al. Malignant Hyperthermia. Mo Med. 2019;116(2):154-159

Referência 2

Ellinas H, Albrecht MA. Malignant Hyperthermia Update. Anesthesiol Clin. 2020;38(1):165-181

Palavras Chave

hipertermia maligna

Área

Anestesia de cabeça, pescoço, otorrinolaringológica e oftalmológica

Fonte de financiamento

Público

Instituições

CET S.A.HOSP.CLIN.FAC.MED.UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

BRUNO PESSOA CHACON, GISELA FERRAZ LOPES QUADROS, ANDRE VINICIUS CAMPOS ANDRADE, BEATRIZ FIGHEIREDO MOTA DINIZ COSTA, GABRIEL HENRIQUE REIS, GEOVANA TORRES DE SOUZA