Dados do Trabalho


Título

Realização de bloqueios do plexo hipogástrico superior guiados por ultrassonografia no tratamento de dor pélvica crônica de difícil controle

Descrição

Introdução: A dor pélvica crônica relacionada ao câncer é prevalente e possui um tratamento desafiador. O bloqueio do plexo hipogástrico superior no tratamento da dor pélvica oncológica já está estabelecido e atualmente vem sendo indicado para outras causas como endometriose, doença inflamatória crônica e aderências. Localiza-se na parte superior do sacro e na borda inferior da vértebra L5. Trata-se de um gânglio retroperitoneal paravertebral simpático e inerva as vísceras da pelve, incluindo a vagina superior, o cólon sigmoide até o canal anal, a bexiga urinária e os ureteres. A abordagem posterior clássica guiada por fluoroscopia é a técnica padrão, porém abordagens alternativas foram descritas na literatura. Este trabalho objetiva relatar um caso de uso de bloqueios do plexo hipogástrico superior guiado por ultrassonografia para controle de dor pélvica oncológica crônica. Relato de caso: Paciente feminina, 55 anos, hipertensa e diabética tipo 2, foi diagnosticada com adenocarcinoma de colo uterino em 2013, submetida a quimioterapia, radioterapia e braquiterapia. Necessitou de retossigmoidectomia com anastomose primária devido a implantes secundários em dezembro de 2014. Após o tratamento a paciente desenvolveu quadro de dor pélvica crônica oncológica de difícil controle sendo referenciada ao serviço de dor. Inicialmente realizado tentativa de controle medicamentoso com antidepressivos, anticonvulsivantes, analgésicos não-opióides e, posteriormente, opióides. Optado pela realização de procedimentos intervencionistas devido a falha da terapêutica conservadora. Primeiramente foram realizados bloqueios analgésicos com técnica de peridural lombar, porém alcançado apenas alívio parcial por pouco período de tempo pontuando 6/10 na Escala Visual Analógica (EVA). Alternativamente, em fevereiro de 2021, foi realizado bloqueio do plexo hipogástrico superior por via anterior, guiado por ultrassonografia com transdutor curvo de 5-2 MHz, injetado 10ml de ropivacaína 0,3% associado a dexametasona 10mg e clonidina 15mcg. Para este procedimento foi realizado antibioticoprofilaxia prévia com cefazolina 2g, posicionado em trendelemburg, utilizado técnica asséptica e agulha para anestesia de plexo A100, conferido e garantido a ausência de vísceras em trajeto de agulha. Não houve evidências de acidentes de punção. Registrado melhora expressiva no controle álgico após o procedimento, permanecendo sem necessidade de novas intervenções por período superior a um ano e atingindo EVA 0/10, mantendo controle com venlafaxina, pregabalina e buprenorfina. Realizado novo bloqueio de plexo hipogástrico superior em maio de 2024 pela piora da intensidade da dor pélvica prévia. Discussão: O presente relato exemplifica o uso bem sucedido deste procedimento guiado por ultrassonografia e reforça sua indicação para dor pélvica oncológica. Destaca-se o uso de agentes neurolíticos na literatura, não utilizado neste caso devido a boa resposta com anestésicos locais.

Referência 1

Rocha A, Plancarte R, Nataren RGR, et al. Effectiveness of Superior Hypogastric Plexus Neurolysis for Pelvic Cancer Pain. Pain Physician, 2020;23(2):203-208.

Referência 2

Abdelghaffar NA, Farahat TE. Fluoroscopic anterior approach versus ultrasound guided superior hypogastric plexus neurolysis in cancer pelvic pain: a randomized controlled study. BMC Anesthesiol. 2022;22(1):403.

Palavras Chave

Plexo hipogástrico superior; Dor crônica; Ultrassonografia

Área

Medicina da Dor, Cuidados Paliativos e Cuidados em Fim de Vida

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET SIANEST/HOSPITAL FLORIANÓPOLIS-CEPON - Santa Catarina - Brasil

Autores

LUCAS GADENZ, GABRIELA MARQUES BARBARESCO , BRENO JOSE SANTIAGO BEZERRA DE LIMA