Dados do Trabalho


Título

Estratégia anestésica em paciente pediátrico portador de Distrofia Muscular de Duchenne submetido a cirurgia de Alvéolo Palatinas : relato de caso

Descrição

INTRODUÇÃO
A Distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma doença genética ligada ao cromossomo X caracterizada por fraqueza muscular progressiva e atrofia, sendo a forma mais comum e grave de distrofias musculares, um grupo de miopatias degenerativas primárias geneticamente determinadas. A prevalência é de aproximadamente 6 por 100,000 indivíduos. O anestesiologista enfrenta vários desafios, incluindo o comprometimento das funções pulmonar e cardíaca, a possibilidade de hipertermia maligna, a maior sensibilidade aos bloqueadores neuromusculares e o aumento da morbidade pós-operatória. O presente trabalho descreve como foi abordado o manejo anestésico desse paciente, detalhando a avaliação pré-operatória e cuidados intra e pós-operatórios.

RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino de 3 anos e 9 meses de idade, 20 kg, 105 cm de comprimento, ASA II (Distrofia muscular de Duchene), em uso contínuo de deflazacorte 17 mg 1 vez a cada 10 dias. Ao exame físico cardíaco: normocárdico, bulhas normofonéticas em 2 tempos com sopro sistólico em mitral (leve); preditores de via aérea difícil (dificuldade de mobilidade cervical). Exames laboratoriais (Hb: 12,4; Htc: 36,4; Gli: 66; Cr: 0,3.; Na: 144; K: 4,8; Tp: 13,3; INR: 1,0), Ecocardiograma Transtorácico com fração de ejeção (FE) de 64%, forame oval pérvio. Avaliação do Neurologista orientado sobre o risco de Hipertermia maligna, devendo ser evitado o uso de halogenados e succinilcolina, ter a disposição dantrolene sódico. Paciente com múltiplos casos de infecção dentária e por conta de quadro álgico durante manipulação foi impossibilitado de fazer procedimento de forma ambulatorial, sendo necessário ser submetido a anestesia geral para cirurgia de Alvéolo Palatinas. Não foi administrado medicação pré-anestésica para o paciente, o mesmo deu entrada em sala de centro cirúrgico acompanhado pela mãe, pré-oxigenado com O2 34% e N2O 66% por 5 minutos, indução com Cetamina (1 mg/kg) e Dexmedetomidina (1 mcg/kg) administrado IM em Músculo Vasto Lateral da coxa esquerda. Venóclise em MIE com abocath número 22, indução venosa com propofol (2 mg/kg) e fentanil (2 mcg/kg). Passagem de tubo nasotraqueal e narina esquerda e posteriormente laringoscopia sobvisualização indireta (McGrath). Para o procedimento foi optado pela Anestesia Geral Venosa Total com Propofol e Remifentanil em bomba de infusão contínua (alvo controlado), modelo farmacológico Eleveld e Minto. Procedimento ocorreu sem intercorrências e paciente teve extubação tranquila a fim de evitar rompimento de sutura em cavidade oral.

CONCLUSÃO
A escolha da técnica mais segura deve ser embasada concomitantemente à avaliação pré-anestésica cuidadosa, o uso de monitorização adequada e seleção dos agentes anestésicos . A succinilcolina e todos os anestésicos halogenados devem ser evitados pela possibilidade de desencadearem hipertermia maligna . A anestesia venosa total constitui-se em opção segura e eficiente nos portadores de DMD.

Referência 1

Saldanha RM, Gasparini JR, Silva LS et al. Anestesia em paciente portador de distrofia muscular de Duchenne: relato de casos. Braz J Anesthesiol, vol.55, n4, p.445-449, 2005

Referência 2

Tonelli D, Pinho I, Sacco PCN et al. Anestesia em paciente com Distrofia Muscular de Duchenne: relato de caso. Braz J Anesthesiol, vol.53, n3, p.392-395, 2003

Palavras Chave

Distrofia Muscular de Duchenne; Anestesia pediátrica; Cirurgia Bucomaxilofacial

Área

Doenças Neuromusculares e Medicamentos

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET DO HOSPITAL VERA CRUZ - São Paulo - Brasil

Autores

GABRIEL AFFONSO SOMMAVILLA DE GRANDE , PAOLLA SANNA CARDOSO FURINI, TÚLIO COSTA MARQUES , ROMUALDO OLIANI NETO, THIAGO ROMANELLI RIBEIRO, WALTER LUIZ FERREIRA LIMA