Dados do Trabalho


Título

Anestesia para cesariana em paciente com Arterite de Takayasu grave: relato de caso.

Descrição

Introdução: A Arterite de Takayasu é uma doença vascular com diversas particularidades no manejo anestésico. Relato de caso: Paciente feminina, 23 anos, 39 semanas de gestação, acompanhada por Arterite de Takayasu com estenose de 90% da artéria renal esquerda, de 40% da cerebral média direita e dissecção de aorta abdominal. Nefrectomia prévia à direita por exclusão vascular. Em uso de Metildopa. Feto normal. Hemoglobina 11,1mg/dl, Creatinina 1,0mg/dL, VHS 56mm/h, sem coagulopatia. Admitida com FC 78bpm, PA 112x61mmHg, SatO2 100%. Monitorização de pressão arterial invasiva em radial esquerda e anestesia epidural em L3-L4 com Lidocaína 2% 10ml + Morfina 2mg com cateter. PA caiu para 101x57mmHg. Administrado Noradrenalina 10mcg venosa em bolus com retorno aos parâmetros basais. Administrado 5ml de Lidocaína 2% no cateter epidural antes da incisão. Cesariana sem intercorrências. Durante limpeza da cavidade uterina, paciente queixou-se de incômodo abdominal tratado com Fentanil 50mcg IV. Ao término, infundida Ropivacaína 0,1% 10ml via epidural. Pós-operatório em UTI sem alterações. Discussão: A arterite de Takayasu é uma vasculite progressiva que forma aneurismas e estenoses arteriais. Atinge principalmente aorta e seus ramos. Manifesta-se por hipertensão, pulsos assimétricos, nefropatia e déficits neurológicos. No sistema cardiovascular causa isquemia, arritmia, dissecção de aorta, aneurisma, valvopatia, hipertensão pulmonar e insuficiência cardíaca. Aumenta 13 vezes o risco de complicações como pré-eclâmpsia, aborto e restrição do crescimento fetal. O diagnóstico é clínico e angiográfico. O tratamento consiste em glicocorticóides e imunomoduladores. Deve-se vigiar o posicionamento da paciente, pois hiperflexão, hiperextensão e coxins mal posicionados podem reduzir o fluxo para extremidades ou sistema nervoso. Deve-se evitar a hipotensão, pois causa isquemia de forma imprevisível. A monitorização invasiva da pressão arterial é questionável, pois o cateter pode precipitar obstrução. Normovolemia e vasoativos mantém a hemodinâmica. Recomenda-se cesárea eletiva para doentes graves. Aumento da resistência vascular, hiperventilação e esforço do parto vaginal podem agravar a enfermidade, mas pode ser considerado para doenças leves. Tanto anestesia geral quanto regional são opções, mas a última permite o monitoramento da perfusão cerebral através da consciência. A peridural com titulação por cateter ou a combinação raquianestesia + peridural são opções com bom controle hemodinâmico devido ao bloqueio simpático lento. Anestesia em neuroeixo é relativamente contra-indicada em caso de hipoperfusão medular. Se anestesia geral, deve-se evitar vasoconstrição cerebral mantendo posicionamento adequado da cabeça e PaCO2 normal. Extensão cervical pode precipitar isquemia ou ruptura de aneurismas. Anestesia profunda causa hipotensão e isquemia, enquanto superficial causa hipertensão e sangramento.

Referência 1

Freitas G, Guerra JL, Fornero CH, et al. Managing Anesthesia for a Patient with Takayasu Illness. Case Rep Anesthesiol. 2023 Jan 5;2023:2852203.

Referência 2

Dasari P, Gummadi HS. Pregnancy outcome in Takayasu arteritis. BMJ Case Rep 2021;14:e238014.

Palavras Chave

Anestesia; Arterite de Takayasu; Cesárea

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HOSP.G.DO INAMPS FORTALEZA - Ceará - Brasil

Autores

YURI MOTA ARAUJO, ROMULO FROTA LOBO, FRANCISCO DE LUCENA CABRAL JUNIOR, THYAGO ARAUJO FERNANDES, SARA LUCIA FERREIRA CAVALCANTE, NELY MARJOLLIE GUANABARA TEIXEIRA