Dados do Trabalho


Título

Anestesia venosa total com modelo Paedfusor em criança autista com histórico prévio de agitação psicomotora pós-operatória: Relato de Caso.

Descrição

Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) acomete cerca de 1% da população mundial. Esses pacientes tem sido submetidos a procedimentos mais frequentemente, sendo que, é comum ocorrer episódios agitação peri e pós operatória, principalmente em crianças com TEA. O objetivo desse relato é mostrar uma técnica anestésica utilizada em uma criança com TEZ submetida a procedimento eletivo. Relato de caso: Paciente sexo masculino, 8 anos, 27 kg, 125 cm de altura, estado físico ASA II, diagnosticado com TEA, estenose uretral e alterações congênitas da condução cardíaca, em uso contínuo de cannabidiol e doxazosina, com história de agitação após exame de ressonância magnética sob anestesia inalatória. O menor foi submetido a reabordagem cirúrgica eletiva para de ressecção de válvula uretral posterior. A avaliação pré-anestésica foi realizada antecipadamente momento em que o procedimento foi amplamente explicado aos pais. O procedimento foi realizado em regime ambulatorial. Foi administrado midazolam por via oral na dose de 15 mg, 45 minutos antes do procedimento, porém o menor permaneceu não cooperativo. Por isso, foi necessária indução inalatória com sevoflurano, N20 e O para realizar a venopunção, monitorização da saturação de oxigênio, PANI, frequência cardíaca e cardioscopia e, em seguida, conversão para técnica venosa total realizada com lidocaína 40 mg, dexmedetomidina na dose 0.5 mcg/kg administrada durante 2 minutos seguido de infusão contínua a 0,5 mcg/kg/min, propofol em TCI no modelo de PAEDFUSOR no modo efeito até o alvo 3 mcg/ml. Em seguida, foi realizada intubação traqueal sem dificuldades e o menor foi mantido em ventilação espontânea. Foram administrados adjuvantes para analgesia pós-operatória e a hidratação venosa 20 ml/kg/h. O paciente foi extubado em plano e mantido com fonte de oxigênio suplementar. Paciente manteve saturação de oxigênio acima de 98% durante todo o procedimento e após encaminhamento para RPA. Despertou após 1 hora e 10 minutos, sem agitações e boa evolução junto à familiar. Discussão: O cuidado e o manejo anestésico do paciente com TEA deve ser realizado com planejamento detalhado, desde a avaliação pré-anestésica até a alta do paciente. A família deve estar envolvida para garantir segurança e conforto a criança. É importante o preparo do ambiente, a diminuição de tempo entre as etapas e o mínimo de estímulo sensorial para que o estresse do paciente seja reduzido. O uso da medicação pré-anestésica e da anestesia venosa total está associado a menor agitação no despertar. Dados da literatura apontam que midazolam, dexemedetomidina, propofol, cetamina são fármacos bem indicadas para esses pacientes. A equipe hospitalar multidisciplinar deve estar pronta para lidar com as particularidades do paciente portador de TEA e com comportamentos inadequados ou possíveis dificuldades, garantindo maior segurança a criança e sucesso no procedimento.

Referência 1

Whippey, Amanda, et al. "Enhanced perioperative management of children with autism: a pilot study Optimisation de la prise en charge périopératoire des enfants atteints d’autisme: une étude pilote." Can J Anesth/J Can Anesth 66 (2019): 1184-1193

Referência 2

Silva, Wallace Andrino, et al. "CONSIDERAÇÕES ANESTÉSICAS EM PACIENTES PEDIÁTRICOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA." JOURNAL OF SURGICAL AND CLINICAL RESEARCH 12.1 (2021): 40-56

Palavras Chave

anestesia venosa total; Delirium; agitação

Área

Medicina Perioperatória

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET DO CENTRO MÉDICO DE CAMPINAS - São Paulo - Brasil

Autores

AMANDA CRISTINA NALDONI, LAURA LOPES NASCIMENTO, LUIS OTAVIO ESTEVES, ISMAEL PONTES SILVA, GIOVANA SANCHES LAURENTIS, LUIZ GUSTAVO PERES VASQUEZ