Dados do Trabalho


Título

DIABETES INSIPITUS EM INTRAOPERATÓRIO DE RESSECÇÃO DE LESÃO INTRACRANIANA SUPRASSELAR: RELATO DE CASO

Descrição

INTRODUÇÃO
O diabetes insipitus (DI) é uma condição clínica caracterizada pela secreção insuficiente do hormônio anti-diurético (ADH), levando à poliúria importante. Uma disfunção de qualquer região da neuro-hipófise, se suficientemente graves, podem causar a deficiência de ADH desencadeando um DI de origem central. Uma das importantes causas de DI central é a neurocirurgia. No caso deste trabalho, é relatado o desenvolvimento de DI durante uma neurocirurgia para ressecção de tumor suprasselar.

RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino, ASA II, 46 anos é admitido eletivamente para ressecção de tumor após diagnóstico de lesão expansiva intracraniana, diagnosticada após quadro de cefaleia holocraniana e turvação visual. Submetido à craniotomia frontoorbitozigomática direita e ressecção microcirúrgica do tumor sob anestesia geral venosa total com monitorização de PIA e BIS. Durante o procedimento, paciente apresentou quadro de diurese elevada, totalizando 3400mL de diurese clara, 6,25mL/kg/h, além de sinais de hipovolemia como hipotensão, labilidade pressórica com uso de vasopressores, aumento de VPP, acidose lática com hipernatremia leve e queda de saturação venosa central. Devido ao quadro apresentado e sítio cirúrgico, foi aventada a hipótese de DI, e iniciado tratamento com desmopressina e hidratação com cristaloide – infusão total de 6700mL; com boa resposta do paciente. Fim do procedimento com duração de 9 h, paciente encaminhado ao CTI estável hemodinamicamente e extubado. No pós-operatório, paciente manteve-se poliúrico e com sódio elevado, com hipótese de DI confirmada pela endocrinologia, que manteve tratamento com desmopressina e o encaminhou para acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO
Em pacientes cuja poliúria se desenvolve imediatamente após cirurgia na região selar ou suprasselar, traumatismo cranioencefálico grave ou fratura da base do crânio, a DI é tipicamente transitória, mas pode evoluir para permanente. É de extrema importância o conhecimento da patologia pois, como no caso relatado, o aparecimento dos sintomas ocorreu ainda durante o procedimento, sendo de responsabilidade do anestesiologista o reconhecimento e tratamento precoces da condição, controlando volemia e distúrbios hidroeletrolíticos, fatores determinantes do prognóstico do paciente.

Referência 1

Daniel G Bichet, MD, Joseph G Verbalis, MD. Arginine vasopressin deficiency (central diabetes insipidus): Etiology, clinical manifestations, and postdiagnostic evaluation. UpToDate, 2023. Diponível em: https://www.uptodate.com/contents/arginine-vasopressin-deficiency-central-diabetes-insipidus-etiology-clinical-manifestations-and-postdiagnostic-evaluation?search=diabetes%20ins%C3%ADpido&source=search_result&selectedTitle=1%7E150&usage_type=default&display_rank=1#H1759796883 . Acessado em 05/08/2024.

Referência 2

Nemergut EC, Zuo Z, Jane JA Jr, Laws ER Jr. Predictors of diabetes insipidus after transsphenoidal surgery: a review of 881 patients. J Neurosurg 2005; 103:448.

Palavras Chave

neurocirurgia; hipovolemia; diabetes insipitus

Área

Neurociência e Anestesia Neurocirúrgica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL FELICIO ROCHO MG (MANTENEDORA FUNDAÇÃO FELICE ROSSO) - Minas Gerais - Brasil

Autores

ANA FLÁVIA MESQUITA ANDRADE, THIAGO QUICK DOLL MESQUITA, SERGIO GARZON BATISTA NANI, CLÁUDIA HELENA RIBEIRO DA SILVA, VERA COELHO TEIXEIRA, ALYSSON HIGINO GONÇALVES DA SILVA