Dados do Trabalho


Título

Agitação psicomotora durante cesariana sob raquianestesia: relato de caso.

Descrição

INTRODUÇÃO
A agitação psicomotora é caracterizada por atividade motora excessiva, desorganização psíquica, sentimento de tensão interna e resposta exarcebada a estímulos, podendo ainda ser acompanhada de agressividade.

RELATO DE CASO
Paciente de 21 anos, hígida, indicada a cesariana, submetida a raquianestesia com bupivacaina pesada 12.5 mg e morfina 80 mcg, realizado antibiótico profilaxia. Após extração fetal, administrado ocitocina 3UI em bolus e 7UI em infusão continua, nesse momento paciente iniciou quadro de agitação psicomotora (tentativa de retirada de campo cirúrgico, tentativa de auto indução do vômito, agressão contra a equipe, choro incontrolável e gritos). Sem queixas de dor, náusea ou vômito, PA, FC e SpO2 dentro da normalidade.
Administrado haloperidol 5 mg, sem melhora do quadro, sendo repetida a dose com redução da agitação. Após uma hora na SRPA, a paciente apresentou recidiva, devido a possibilidade de dor foi administrado Tramadol 50 mcg. Devido a manutenção do quadro, foi administrado diazepam 10 mg, haloperidol 10 mg e clorpromazina 25 mg, seguida de melhora. 
O marido da puérpera relatou que a paciente apresentava crises de ansiedade com tentativa de auto-extermínio, porém sem novos sintomas nos últimos três anos. 
Na enfermaria a paciente apresentou mais dois episódios de agitação em menor intensidade. Após avaliação por neurologista, negou-se doença orgânica subjacente. Paciente recebeu alta após 48 horas da cesariana, encontrava-se lúcida e orientada, calma e colaborativa, apresentando amnésia dos fatos ocorridos no centro cirúrgico.

DISCUSSÃO
A agitação psicomotora, apesar de muitas vezes com etiologia inespecífica, acompanha uma progressão sintomatológica que inicia com ansiedade, levando a agitação e enfim agressividade.
Sua etiologia pode advir de origem psíquica (distúrbio do pânico, bipolaridade, esquizofrenia e ansiedade) ou orgânica (intoxicação, hipoxia, hipoglicemia, distúrbios hidroeletrolíticos e afeções neurológicas). 
Diante de um quadro de agitação psicomotora o manejo deve se iniciar com medidas não farmacológicas como garantir a segurança do paciente e equipe, priorizar um ambiente calmo. As medidas farmacológicas devem visar tranquilizar o paciente e não seda-lo, as opções de contenção química incluem os antipsicóticos e benzodiazepinicos. 
O Haloperidol, antagonista de receptor de dopamina, é bem indicado em gestantes. Pode ser utilizado na dose inicial de 5mg via endovenosa, podendo-se atingir a dose máxima de 20mg em 24 horas.
Os benzodiazepinicos atuam como agonistas do receptor GABA, levam a maior sedação, porém podem gerar depressão respiratória e hipotensão arterial, sendo bem indicados em agitação indeterminada.
Diante disso, o treinamento da equipe diante de casos de agitação psicomotora deve ocorre inclusive em ambientes controlados como o centro cirúrgico, visando o bem estar do paciente e equipe. 

Referência 1

Lima, Luciana P., Torre, Jimena Eva B., Palma, thamires W., Baroni, Juliana H. Urgência  Psiquiátrica: Agitação psicomotora. Guia do Episódio de Cuidado. Hospital Israelita Albert Einstein, 2022. 

Referência 2

Baldaçara, Leonardo Et al. Diretrizes Brasileiras para Manejo da Agitação Psicomotora: Cuidados Gerais e Avaliação. Debates em Psiquiatria, 2021.Disponível em: https://doi.org/10.25118/2763-9037.2021.v11.12 Acessado em: 10 de julho de 2024.

Palavras Chave

Agitação psicomotora

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HOSPITAL GERAL UNIVERSITÁRIO - Mato Grosso - Brasil

Autores

GABRIELE CURVO BETT, MARCIO LUIZ BENEVIDES, RUBENS NOCHIJR, KAOANY ANTUDES DA CRUZ