Dados do Trabalho
Título
Dor neuropática em paciente com hiperparatireoidismo secundário
Descrição
Introdução. A dor neuropática é definida como uma dor causada por lesão ou disfunção do sistema nervoso somatossensorial, com alodínia, hiperalgesia, queimação, choque, formigamento e parestesia. Suas causas incluem diabetes, herpes zoster, hanseníase, trauma, cirurgia, infecção, inflamação, isquemia e neoplasia. O tratamento envolve analgésicos, antidepressivos, anticonvulsivantes, opioides e intervenções não farmacológicas como estimulação elétrica, acupuntura e terapia cognitivo-comportamental. O bloqueio nervoso periférico consiste na injeção de anestésico local próximo ao nervo afetado para interromper a transmissão dolorosa, podendo ser usado em dor neuropática aguda ou crônica refratária aos tratamentos convencionais. Relato do Caso. Paciente masculino, 20 anos, internado por dor na perna direita devido a fratura de fêmur, sem trauma conhecido. Paciente com infecções urinárias recorrentes evoluiu para insuficiência renal crônica necessitando de diálise, mas sem acompanhamento regular. A cirurgia para correção da fratura foi realizada, mas o paciente evoluiu com dor e edema no joelho ipsilateral. A equipe de dor foi acionada devido à dor intensa que impedia inclusive o exame físico. Paciente apresentava alodínia em território do nervo ciático direito, dor à palpação no joelho direito, quente e edemaciado, e alodínia na coxa direita. Assumia posição antálgica em decúbito lateral esquerdo, com escala verbal numérica (EVN) de dor 10/10. Fazendo uso de dipironas 1g 6/6h e morfina 4mg EV se dor moderada, sem melhora. Prescrição foi otimizada para gabapentina 300mg 8/8h VO, amitriptilina 25mg VO, dipirona 2g EV 4/4h e morfina 4mg EV 6/6h. Sob sedação, foi realizado bloqueio de ciático poplíteo com ropivacaína 0,5%, lidocaína 1% (10ml) e dexametasona 4mg, porém com controle álgico insuficiente. Foi passado cateter peridural com infusão de 10ml de ropivacaína 0,3% e 2mg de morfina. A dor reduziu de EVN 10/10 para 0/10, retornando após 24 horas. O paciente recebeu infusões adicionais de ropivacaína 0,3% e 2mg de morfina após 24 e 48 horas. Nos dias seguintes da internação, a dor foi controlada satisfatoriamente, com aparente dessensibilização nervosa periférica e central Discussão. O caso demonstra a eficácia do bloqueio nervoso periférico no tratamento da dor neuropática em um paciente com osteoporose e insuficiência renal crônica. Proporcionou alívio duradouro, possibilitando exames, procedimentos necessários e melhorando a qualidade de vida. O bloqueio também pode ter efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios, reduzindo a sensibilização central e a liberação de citocinas pró-inflamatórias. Pode ser uma alternativa ou complemento aos tratamentos farmacológicos, especialmente em pacientes com contraindicações ou efeitos adversos aos medicamentos.
Referência 1
Cavalli E, Mammana S, Nicoletti F, Bramanti P, Mazzon E. The neuropathic pain: An overview of the current treatment and future therapeutic approaches. Int J Immunopathol Pharmacol. 2019 Jan-Dec;33:2058738419838383. doi: 10.1177/2058738419838383. PMID: 30900486; PMCID: PMC6431761.
Referência 2
Roy PJ, Weltman M, Dember LM, Liebschutz J, Jhamb M; HOPE Consortium. Pain management in patients with chronic kidney disease and end-stage kidney disease. Curr Opin Nephrol Hypertens. 2020 Nov;29(6):671-680. doi: 10.1097/MNH.0000000000000646. PMID: 32941189; PMCID: PMC7753951.
Palavras Chave
DOR NEUROPÁTICA REFRATÁRIA
Área
Medicina da Dor, Cuidados Paliativos e Cuidados em Fim de Vida
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
CET S.A.HOSP.MUN.MIGUEL COUTO - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
RAFAEL MERCANTE LINHARES, VICTORIA BIANCHI, ALINE RAMOS VIEIRA, DANIEL TRINDADE, MARINA CARDOSO LOJA DA SILVA