Dados do Trabalho

Título

ELASTÂNCIA ARTERIAL DINÂMICA EM MANEJO DE SÍNDROME DE REPERFUSÃO EM TRANSPLANTE HEPÁTICO.

Descrição

Introdução: Anestesia para transplante hepático é ato extremamente complexo e dinâmico , sendo um dos procedimentos mais desafiadores em relação a manejo hemodinâmico. Diversas intercorrências podem acontecer durante a cirurgia, com destaque para a instabilidade cardiovascular, especialmente durante a reperfusão do enxerto hepático. Parâmetros como elastância arterial dinâmica (Eadyn) tem sido utilizado em contextos críticos para avaliar perfil hemodinâmico e direcionar administração de fluidos e uso de vasopressores. Relato de caso: Paciente sexo feminino, 21 anos, 63kg, portadora de hepatite autoimune, MELDNa 26, hemodinamicamente estável, admitida para transplante hepático. Laboratório: Hb: 13,1 g/dL; Plaquetas: 108000; INR: 1,9; Fibrinogênio: 173; Cr: 0,5. Ecocardiograma transtorácico: descrição normal, FEVE 70%. Instalados monitorização básica , pás adesivas de cardiodesfibrilador , e monitorização de débito cardíaco minimamente invasiva Frotrac® visando monitorar variação de volume sistólico (VVS) e variação de pressão de pulso (VPP). Técnica cirúrgica Piggyback. Na hepatectomia recebeu admnistração intravenosa de 2 g de concentrado de fibrinogênio e 4 g de ácido épsilon aminocapróico guiada por tromboelastometria. A fase anepática foi prolongada (1 h e 50 min) e o tempo de isquemia fria durou 9 horas e 15 minutos. Gasometria arterial: pH 7,35 | pCO2 40 | Bic 22,1 | pO2 176 | Ca 1,12 | K 3,4 | Na 134 | Hb 10,7 | Lactato 2,5. Na reperfusão do enxerto, houve hipotensão refratária e elevação importante da onda T. Administrado bolus IV de 20 mcg de noradrenalina e adrenalina, além de gluconato de cálcio. Noradrenalina administrada IV em dose crescente (0,5 - 2,0 mcg/kg/min), veia cava inferior mostrou-se túrgida, PAM 80, RVS: 673, EaDyn = PPV 12 / VVS 5 (2,4)sugerindo vasoplegia. Administrado azul de metileno (2 mg/kg), o que permitiu reduzir a noradrenalina para 1 mcg/kg/min IV. PAM: 86, RVS: 717, EaDyn = PPV 9 e VVS 11 (0,9). Fase pós-reperfusão: gasometria arterial: pH 7,25 | pCO2 41 | Bic 18 | pO2 250 | Ca 1,3 | K 3,8 | Hb 11,0 | Lactato 4,7. Administrado IV bicarbonato de sódio 1 mEq/kg, 3 plasmas frescos congelados, 10 U de crioprecipitado e 221ml do cell saver. Paciente recebeu alta da UTI no 3º dia do pós-operatório. Discussão: Eadyn é definido como a razão entre VPP e VVS. Reflete elastância arterial, indicando a capacidade das artérias de se expandirem e contraírem a cada ciclo cardíaco. Eadyn pode orientar o manejo de pacientes críticos, onde a gestão precisa de fluidos e vasopressores influencia diretamente nos desfechos. Situações em que apresentam Eadyn Alto (>1,0) sugerem melhor resposta a vasopressores que a fluidos adicionais. O uso do Eadyn orientou na tomada de decisão para a adição de azul de metileno como tratamento de vasoplegia, reduzindo dose de noradreanalina e efeitos colaterais associados, diminuindo morbimortalidade.

Referência 1

Brezeanu LN, Brezeanu RC, Diculescu M et al. Anaesthesia for Liver Transplantation: An Update. J Crit Care Med (Targu Mures). 2020;6(2):91-100.

Referência 2

Persona P., Tonetti T., Valeri I. et al. Dynamic Arterial Elastance to Predict Mean Arterial Pressure Decrease after Reduction of Vasopressor in Septic Shock Patients. Life, 13(1), 28. https://doi.org/10.3390/life13010028

Palavras Chave

Elastãncia; Eadyn; Transplante hepático